sábado, 18 de agosto de 2012

PALAVRA DE VIDA

  Deixai vir a mim as criancinhas! (Mt 19,13-15)
            Este é um dos imperativos de Jesus a seus discípulos. Ele ressalta a “modernidade de Jesus”, seu caráter inovador para a época. Com certeza, seus discípulos devem ter ficado surpresos com a atitude do Mestre. É que a criança ainda não fora reconhecida como “pessoa”. Era, no máximo, um “homúnculo” – um futuro homem, um projeto de pessoa. Em certas civilizações, após o nascimento de um bebê, cabia ao pai decidir se a criança deveria viver, ou não.
            Apenas com S. Pio X [1903-1914], as crianças foram autorizadas a comungar. Mesmo nos anos 50, no Brasil, o mundo dos adultos era praticamente inacessível à criança. “Criança não dá palpite! Isto não é assunto de criança” – verberavam os adultos. Por isso mesmo, é admirável que Jesus proteja os pequenos do mau humor dos adultos. Mas não se trata de simples afetividade ou simpatia: Jesus vê a criança como pessoa. Também a elas se dirige o Evangelho. Elas têm direito à evangelização.
            Por certo, Jesus não endossaria certas afirmações tão corriqueiras entre nós: “criança dá trabalho / criança é um problema / adolescentes são ‘aborrecentes’ / Deus me livre de mais um filho!...” Afinal, Jesus de Nazaré tinha sido um filho muito amado por Maria e por José. Sabia do inestimável valor de um lar simples, mas cheio de amor... Vivera em uma família que havia permitido que ele crescesse em estatura, sabedoria e graça (cf. Lc 2,52). Em suma, sabia que a criança tem valor.
            Hoje, para nós, que significa “deixar que as crianças vão a Jesus”? Sem dúvida, significa considerar como prioridade da família e da Igreja o batismo das crianças, sua catequese e iniciação para a vida sacramental. Significa que o aborto é crime inominável, pois impede que venham à vida novos adoradores do Pai. Significa que pais e professores carregam sobre os ombros uma séria responsabilidade diante de Deus. Significa que governantes são instrumentos de Deus junto à infância. Sua omissão certamente terá um preço...
            Nosso olhar deve voltar-se para os santos, que jamais fecharam os olhos para os pequeninos. Eles fundaram escolas e institutos destinados a educar as crianças, como José de Calasanz, Paula Montal, Joana de Lestonnac, Dom Bosco, Dom Orione e tantos outros. Seu amor pela criança irradiava em sociedades ásperas e indiferentes o mesmo amor de Cristo pelos pequenos.
            As crianças estão bem perto de nós? Vamos levá-las a Jesus?
Orai sem cessar: “Virei em socorro de minhas ovelhas!” (Ez 34, 22)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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