domingo, 19 de agosto de 2012

PALAVRA DE VIDA

 Mãe do meu Senhor... (Lc 1,39-56)
            Na solenidade da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria aos céus, elevada e assumida por Deus em corpo e alma, a Igreja atualiza a tradição que remonta ao Séc. VI, quando a liturgia bizantina já celebrava a “Dormição da Mãe de Deus” (em grego, “koimésis tes Theotokou”). Os ícones orientais mostram os apóstolos reunidos em torno do ataúde de Maria, enquanto, em segundo plano, Jesus Cristo abraça a alma da Virgem Mãe, sob a forma de uma criança de colo. No alto, cercada de anjos, Maria, viva, sobe aos céus.
            Desde o Concílio de Éfeso (431 d.C.), ao condenar a heresia de Nestório, a Igreja reconheceu a Virgem Maria como “Mãe de Deus” – “não porque o Verbo de Deus tirou dela sua natureza divina, mas porque é dela que ele tem o corpo sagrado dotado de uma alma racional, unido ao qual, na sua pessoa, se diz que o Verbo nasceu segundo a carne”. Aliás, toda a grandeza da Virgem Maria deriva de sua missão única, ao ser escolhida por Deus para gerar na carne o Salvador.
            Como Evangelho da liturgia de hoje, a Igreja escolheu o episódio da Visitação a Isabel. Esta, cheia do Espírito Santo, ao receber a visita de Maria. pergunta: “De onde me vem esta honra de vir a mim a Mãe do meu Senhor?” Ora, o Senhor de Isabel, filha do povo de Israel, era Adonai, o único Deus. Quando a Igreja invoca a Maria com o título de Mãe de Deus, reconhece seu papel e sua missão insuperável na encarnação da Segunda Pessoa da Trindade, por obra do Espírito Santo.
            A Bem-aventurada Virgem Maria é a ponte (S. Bernardo de Claraval usa o termo “aqueduto”) pela qual Deus se uniu à humanidade. Jesus Cristo, ao mesmo tempo Deus verdadeiro e Homem verdadeiro, unindo duas naturezas – humana e divina – em sua única Pessoa, realiza em si mesmo a antiga promessa de uma Aliança entre Deus e os homens. A partir de sua encarnação, a família humana entrou em consórcio com a Família divina. Assim, o Pai do Filho é nosso Pai. O Filho é nosso irmão. O Espírito do Pai e do Filho habita em nós.
            Maria é a Mulher especial, preparada por Deus para a insigne missão. Espelho e modelo da Igreja, ela nos ensina e anima a ser ponte entre Deus e a humanidade, gerando Cristo para o mundo e estendendo pontes entre Ele e todos os povos. Depois disso, ela tem razão ao exclamar: “O Senhor fez em mim maravilhas!”
Orai sem cessar: “Bendita és tu entre as mulheres!” Lc 1,42)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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