E as revelaste aos pequeninos... (Lc 10,17-24)
Certa
vez, vi alguém com uma camiseta que me chamou a atenção. Trazia o desenho de um
alto de morro onde, em primeiro plano, um grupo de magos e cientistas examinava
as estrelas com lunetas, binóculos e telescópios. Em segundo plano, atrás de
uma moita de capim, escondia-se Jesus, cercado por um bando de criancinhas. E
Jesus tinha o indicador sobre os lábios, na vertical, como se dissesse: “Não
digam a eles que eu estou aqui!”
Aquela
camiseta denunciava, de forma brincalhona, nossa antiga ilusão de buscar a Deus
nas alturas, quando ele já “desceu” e se pôs no nosso nível, tornando-se
acessível a todos. Desde a Encarnação do Verbo, toda elucubração teológica se
revela como insano esforço de homens que pretendem transformar sua relação com
Deus em uma espécie de conquista, quando, ao contrário, o próprio Deus,
revestido de nossa fraqueza, se dá de graça aos pequeninos.
Mais recentemente, passou entre nós
o Irmão Francisco, lembrado pela liturgia de hoje. Espalhando a paz pelas ruas
de Assis, livre, pacífico e pobre, tinha todo o tempo do mundo para Jesus e
para os irmãos. Foi pensando nele que escrevi o soneto “Francisco”:
Em tudo a procurar o mais pequeno...
Em tudo a preferir o mais oculto...
Lá vai Francisco a projetar seu vulto,
Que logo nos recorda o Nazareno...
Não ergue a
voz: tem o falar sereno.
Não nos
condena: a todos leva indulto.
Amar e
sempre amar – eis o seu culto,
No coração
de Paz e Bem tão pleno!
De pés no chão, de roupa remendada,
Atraindo as calhandras pela estrada,
Lá vai o “poverello” de Assis...
E dizem que,
na história deste mundo,
Ninguém
viveu o Amor assim profundo...
Ninguém
viveu tão pobre e tão feliz...
Orai sem cessar: “Mantenho em calma e sossego a
minha alma.” (Sl 131,2)
Texto e poema de Antônio Carlos Santini, da Com. Católica
Nova Aliança
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