quinta-feira, 1 de novembro de 2012

PALAVRA DE VIDA


Devo seguir o meu caminho... (Lc 13,31-35)

          É admirável em Jesus de Nazaré a consciência que ele tem de sua missão! Depois de longos anos de vida oculta em Nazaré, misturado aos mais pobres, chega o momento de assumir aquela missão que motivara sua “descida” e encarnação...
            Gosto de imaginar o momento de sua despedida. O Filho se dirige à Maria: “Mãe, não posso mais esperar... O Vento, que sopra onde quer, me arrasta para o deserto. E logo me impelirá para as multidões. Na montanha ou na planície, o Espírito me chama. Adeus!” E ela, serena, empurrando-o de leve: “Vai, meu Filho. Chegou a sua hora!”
            Não passará muito tempo sem que se erga a oposição demoníaca, desde os homens do Templo (esses hipócritas!) até Herodes (essa raposa!). Armadilhas, provocações, traições, coisa alguma poderá deter a caminhada do Caminho... Sim, Jesus é o homem-caminho. Só por ele vamos ao Pai. Só por Ele o amor do Pai se revelou plenamente a nós. Contemplando sua vida, caem por terra todas as nossas desculpas para estacionar.
            A mãe viúva. Arrimo de família. Pobreza. Dominação romana. Corrupção das lideranças religiosas. Incompetência de seus discípulos. Nada o detém. Ao contrário, ele anseia pela chegada de sua “hora”, a hora da Paixão: “Chegou a hora de ser glorificado o Filho do homem. [...] E que hei de dizer? Pai, salva-me desta hora? Mas por causa disto é que eu cheguei a esta hora!” (Jo 12, 23.27.)
            Ao afirmar que deve seguir o seu caminho, Jesus acrescenta: “...porque não se admite que um profeta morra fora de Jerusalém”. Ironia à parte, fica bem claro que ele não ignora o desfecho de sua caminhada: o alvo é a Cruz. Ele conhece a história de Israel e sabe como terminava a estrada daqueles homens que Deus enviara a seu povo. Não sonha, pois, com algo mais fácil para si mesmo.
            Por certo, em sua humanidade, Jesus experimenta tudo o que é próprio de nossa natureza: apreensões, dúvidas e temores. Mas, ao mesmo tempo, ele sabe muito bem qual é a vontade do Pai: que todos se salvem. Por isso mesmo, não se deixa intimidar com as ameaças: “Devo seguir o meu caminho!”
            E nós? Estamos a caminho? Ou nos sentamos à beira da estrada, paralisados diante dos obstáculos?
Orai sem cessar: “Correrei pelos caminhos de vossos mandamentos.”(Sl 119,32)
          Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
 

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