segunda-feira, 12 de novembro de 2012

PALAVRA DE VIDA

Sete vezes... (Lc 17,1-6)

   Não. Não se trata de neutralidade diante do mal. Aquele que erra precisa de correção. A impunidade sempre reforça o erro. Mas os arrependidos merecem perdão. Uns mais, outros menos, todos nós erramos um dia e precisaremos do perdão. 
   Não fosse tão imperiosa a necessidade de ser perdoado, o Senhor não nos teria ensinado a rezar: “Perdoai as nossas dívidas” ou, segundo a nova tradução, “perdoai as nossas ofensas”. Se nos negam o perdão, cresce em nós o remorso, o sentimento de culpa e, mesmo, o desespero. Foi um perdão excessivamente adiado que fez de Absalão o inimigo nº 1 de seu pai, Davi. (Cf. 2Sm 14,24.) 
    Ao contrário, quando lemos no Evangelho que o Paraíso foi reinaugurado com a entrada inesperada de um criminoso arrependido – a quem, eufemisticamente, chamamos de “bom ladrão” (cf. Lc 23,43) – tomamos consciência de que também nós podemos ter acesso ao perdão divino. 
   Sim, é preciso confessar: dois mil anos depois de Cristo, ainda temos dificuldades em relação ao perdão. Primeiro, a dificuldade em pedir perdão. Oscilamos entre o desespero (modalidade de orgulho que nos leva a pensar que nosso pecado foi maior que a misericórdia divina) e a arrogância (eu sou assim; quem quiser, que me engula do jeito que eu sou)... A seguir, a dificuldade de dar perdão. Arrazoamos: “Se perdoo já, dou ares de fraqueza... Irão abusar e recair no erro... Melhor seria um tempo de silêncio, um “gelo”, com relações cortadas... Vou adiar, dar uma de ‘durão’, dificultar as coisas...” 
  E não percebemos o essencial: quando alguém é perdoado, especialmente em matéria grave, tem a oportunidade de experimentar o amor que ainda desconhece. Assim o cônjuge que trai, se arrepende e pede perdão, ao recebê-lo, é levado a meditar: “Puxa! A que ponto ele (ela) me ama! A ponto de me perdoar!” E, assim, vê-se impelido a pagar amor com amor... 
    Sete vezes! Entre semitas, o nº “7” é a cota da plenitude. Logo, perdoar “sete vezes” significa perdoar sempre. Seria estranha ao Evangelho de Jesus a atitude de quem diz: “Vou perdoar... mas não me caia noutra! É a última vez!” 
    A cada vez que nos confessamos – mesmo repetindo pecados habituais -, Deus nos perdoa como se fosse da primeira vez. É preciso reconhecer: parece que Ele não tem boa memória para nossos crimes. Perdoa e esquece. Tentaríamos imitá-lo? 
   Orai sem cessar: “Amai vossos inimigos!” (Mt 5,44) 
  Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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