quinta-feira, 15 de novembro de 2012

PALAVRA DE VIDA

O Reino está dentro de vós... (Lc 17,20-25)

     No mundo capitalista, a ação humana tem sido superestimada. As pessoas são valorizadas por aquilo que fazem. Mesmo a missão pastoral da Igreja, cujo fim último devia ser encaminhar os homens para Deus, tem sido confundido com “atividades”. Nesta linha de pensamento, oração e contemplação, meditação e escuta de Deus seriam sintomas de “intimismo”, ou seja, uma forma de “perder tempo”, quando há tanta coisa a fazer lá fora...    
      Ora, a história recente mostra com clareza que a ação humana pura e simples, sem o sopro interior do Espírito, não só é incapaz de aperfeiçoar a sociedade, mas também acaba por levar os agentes de pastoral ao stress, ao desânimo e à busca de compensações nada evangélicas... Transpiração sem inspiração, isto sim, é perda de tempo!     
      Ao afirmar que o Reino de Deus está dentro da pessoa humana, Jesus ensina que uma voz interior está sempre disposta a dialogar conosco. Há uma “presença” divina no coração humano. A voz da consciência que alerta para a responsabilidade moral, as inspirações que apontam o caminho, aquela fonte silenciosa que brota em momentos especiais são alguns sinais dessa presença. 
       A vida dos santos mostra que estavam sintonizados permanentemente na emissora do Espírito Santo. Uma sintonia fina lhes permitia perceber sua vocação, sua missão, fortalecendo-os diante dos obstáculos que o maligno ergue contra toda obra de Deus. Tal sintonia era obtida exatamente por meio daqueles procedimentos que a crítica moderninha chama de perda de tempo: escuta e oração, meditação da Palavra de Deus, intimidade com Jesus nos sacramentos. 
      Depois disto, alimentados e iluminados, aí, sim, saíam na direção do pobre e do descrente, do faminto e do desesperado, levando a eles o amor que haviam haurido no deserto com Deus. Apesar de suas fragilidades humanas, temores e inseguranças, limitações intelectuais e psíquicas, essas mulheres e homens eram “portadores de Deus”: levavam o Reino em seu interior. E essa mensagem transformava a vida das pessoas que atravessavam seu caminho. 
      Ler os corações (como o Pe. Pio), curar os doentes (como o Pe. Emiliano Tardiff), atrair a juventude (como o Pe. Jonas Abib), encontrar Jesus nos mendigos (como Madre Teresa) – nada disto se consegue sem uma vida interior profunda, alimentada de silêncio e de oração. Estou atento a Deus que fala em meu interior? 
      Orai sem cessar: “Que o Pai abra o vosso coração à sua luz!” (Ef 1,18) 
      Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário