O pastor que recupera a ovelha
tresmalhada (e ele possuía cem ovelhas!) não pode deixar de se alegrar. Mas a
alegria transborda e se muda em um convite aos amigos: “Alegrai-vos comigo!”
A
mulher pobrezinha que recupera a moedinha enferrujada (afinal, só tinha dez!),
também é inundada pelo mesmo júbilo. Daí o convite que faz às vizinhas:
“Alegrai-vos comigo!”
Ambas
as imagens se referem à realidade humana: nós estávamos perdidos, extraviados,
quando veio Jesus Cristo e deu sua vida por nós. Foi a forma escolhida por Deus
para nos trazer de volta à casa do Pai. Se o próprio Jesus se apresenta sob a
imagem de um Bom Pastor (cf. Jo 10,11.14), como não se alegraria ao nos
recuperar para o Pai?
Nós
também somos pastores. Não apenas os bispos e padres, que zelam pelo rebanho da
Igreja. Também a nós o Senhor confiou muitas ovelhas. Os pais são pastores de
seus filhos. Os médicos são pastores de seus pacientes. Os educadores
pastoreiam seus alunos.
Naturalmente,
o cirurgião vibra de alegria quando salva o acidentado por meio de uma
intervenção cirúrgica. O mestre se alegra quando vê que seu ex-aluno agora
ocupa um cargo importante na empresa. Os pais exultam de alegria quando
conseguem reorientar o filho que andara por caminhos obscuros.
Esta
alegria precisa ser repartida. Não só como desabafo, mas como testemunho de uma
esperança que se mantém acesa. A boa notícia da “salvação” servirá de ânimo
para muitos que ainda estão em combate. Certamente, o estudante se motivará ao
ver a formatura do colega. Também o enfermo recobrará o ânimo ao ver a cura de
seu vizinho de leito. Mas é preciso comemorar!
Nossa
sociedade ocidental está perdendo a capacidade de comemorar. Para fazê-lo,
preciso beber, drogar-se. Não consegue mais perceber os lampejos de luz que
cintilam no dia-a-dia. Burocratizados, não percebemos mais o inestimável valor
dos trabalhos caseiros, da dedicação profissional. Trabalha-se pelo salário,
mais nada...
Há
uma terceira parábola, logo a seguir: a história do Pai que tinha dois filhos
(só dois!). Seu amor não era percebido pelos filhos. Um fugiu para longe,
curtindo a vida. Outro servia na fazenda como um burro de carga. Quando
o fujão voltou, houve festa. E o pai insistia com o filho mais velho:
“Alegrai-vos!”
Será
que teríamos tempo para ir atrás dos filhos perdidos e dar ao Pai a maior das
alegrias?
Orai sem cessar: “Que o Senhor faça a minha alegria!” (Sl 104,34)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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