segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

PALAVRA DE VIDA

E habitou entre nós... (Jo 1,1-18) 

     A antiga profecia falava de uma Virgem que daria à luz um menino, como sinal de que Deus estava presente e acompanhava os caminhos do povo da Aliança. E o nome do menino seria Emanuel, isto é, Deus conosco. É comum traduzir este nome profético (pois aponta a descida do Verbo ao nosso mundo) apenas em sentido social: Deus entre nós, no meio do povo. Mas é muito mais amplo e profundo o sentido do nome Emanuel: Deus-conosco quer dizer Deus-em-nós, na carne dos humanos. Com certeza, desde a Anunciação – quando Maria ouviu do Anjo Gabriel: “O Senhor está contigo” -, tão logo disse seu sim, Maria teve consciência de que Deus estava em seu íntimo de forma palpável. Estava cumprida a promessa do Emanuel...
     Diferente daquela “presença” do Antigo Testamento, quando Deus se “mostrava” na sarça ardente, na nuvem luminosa, nos trovões do Sinai, agora vê-se a presença corporal, pois o Filho de Deus se encarnou e nasceu de Mulher. 
     Não podemos imaginar o cenário de Belém, quando dormia sobre a palha da manjedoura um Menino que era Deus, mas tinha um corpo de homem. Não sabemos recuperar aquele olhar de Maria sobre o recém-nascido, pura contemplação do Deus encarnado. No máximo, nos aproximamos disso, quando fitamos Jesus eucarístico presente na Hóstia consagrada. De qualquer modo, o verbo grego que traduzimos por “habitou entre nós” – eskénosen – esconde em seu interior a palavra “tenda” – skéne. E eu gosto de pensar que Deus se agradou de nós a tal ponto, que veio acampar conosco, fincando definitivamente em nosso solo humano a sua barraca, a sua tenda. 
      Podemos encerrar o ano com o hino natalino composto por Santo Afonso de Ligório – “Tu scendi dalle stelle” -e traduzido por Dom Marcos Barbosa: 
     Desceste das estrelas, Rei celeste, 
 e à gruta escura e fria tu vieste: 
ó divino Pequenino, eu te vejo aqui tremer, 
Deus encarnado... 
O quanto te custou me haver amado! 
Tu, que plasmaste a terra e o céu fizeste, 
faltam-te, agora, ó Deus, coberta e veste. 
Ó querido estremecido, a que extremos queres vir: 
esta pobreza mostra, 
do teu amor, toda a riqueza. 
     Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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