sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

PALAVRA DE VIDA

Será o fim dos tiranos... (Is 29,17-24)

      Já chamaram a religião de anestesia. Um “especialista” em humanidade rotulou a religião como “ópio do povo”. Parece que o profeta Isaías pensa diferente... O Messias anunciado é um Libertador que erradica as tiranias contra o homem. 
     Reconhecido como um “protoevangelho” [um Evangelho que se antecipa aos quatro evangelhos do Novo Testamento!], o livro de Isaías apresenta um conteúdo essencialmente subversivo. Em especial nas suas passagens de caráter messiânico, lemos as promessas de uma “virada de mesa” radical: surdos que passam a ouvir, cegos que passam a ver, feras amansadas, fracos fortalecidos. 
     É hora de perguntar: a quem interessa que o deserto se torne um jardim? Quem não terá prejuízos se o pasto se tornar floresta? Quem não fatura com as guerras e, assim, não teme a chegada da Paz? “Os humildes” – responde Isaías. 
     Sim, os humildes se alegram com a perspectiva de um mundo novo, onde o Senhor vem instaurar a paz, nivelar as colinas do ódio, rechaçar as trevas com a luz de seu amor. Os mais fracos, os mais pobres, os excluídos do sistema – por que motivo iriam temer as promessas do Messias pacificador? 
     Mas há quem tema a paz... O profeta aponta: os tiranos, os zombadores, os que espreitam para fazer o mal. Eles sabem que não terão lugar em um mundo ordenado pela paz e pela comunhão entre os homens. A tática dos tiranos é “dividir para imperar”. Os novos mapas fabricados para a África, após a Segunda Guerra mundial, formando territórios onde eram intencionalmente misturadas etnias diferentes, se inspiraram nesse mesmo princípio. 
     Agora, vem o Natal e nasce uma Criança que Deus nos envia. Ele encarna a mensagem dos anjos de Belém: “Paz na terra!” Não pode ser uma criança bem-vinda aos tiranos, pois eles vivem da guerra, respiram o ódio, alimentam-se de sangue. A simples notícia de sua vinda tira o sono de todos os Herodes do planeta... 
     E nós? Somos pacíficos? Amamos a paz? Qual é nossa contribuição pessoal em vista de um mundo sem guerras, uma sociedade sem fronteiras, uma família sem ódio? Em meu coração ainda há espaço para mágoas e ressentimentos? Guardo na gaveta as contas a cobrar? Ou já abri meu espírito à Luz do alto, que permite aos cegos a leitura de um Evangelho do amor? 
     Orai sem cessar: “O Senhor é minha rocha, minha fortaleza, meu libertador!” (2Sm 22, 2) 
     Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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