Podes limpar-me! (Lc 5,12-16)
Era terrível
a situação do leproso nos tempos de Jesus. Comenta a Bíblia de Navarra: “Na
lepra via-se um castigo de Deus (cf. Nm 12, 10-15). O desaparecimento dessa
doença era considerado como uma das bênçãos da época messiânica (Is 35, 8; Mt
11, 5; Lc 7, 22). Ao doente de lepra, pelo caráter contagioso dessa doença, a
Lei tinha-o declarado impuro e transmissor de impureza àquelas pessoas que
tocava, ou àqueles lugares em que entrava. Por isso tinha de viver isolado (Nm
5, 2; 12, 14ss) e mostrar, por um conjunto de sinais externos, a sua condição
de leproso.”
Mas existe
uma lepra ainda pior! A ruína mortal do pecado supera em nós as deformações da
lepra. Afinal, pelo Batismo, fomos configurados com Cristo, i. é, lavados da
culpa original, recebendo a face de Cristo. Quando optamos pelo pecado,
desfiguramos essa imagem e maculamos o templo de Deus em nós. Todo pecado é
lepra: rói, deforma, corrói. Desfigura o pecador.
Pense na avareza, que leva o médico a
fazer da medicina apenas um meio de ganhar dinheiro. Veja como o pobre não
merece sua atenção. Veja como pergunta ao virtual consulente se ele tem dólares
para pagar pela cirurgia de sua esposa. E como se presta a fazer abortos
assassinos, desde que lhe paguem por isso...
Pense na
luxúria, que leva o homem a comprar o corpo da mulher. A olhar para toda mulher
que passa com um olhar que é despir. Veja como ninguém escapa de sua gula
assassina, nem a criancinha indefesa. Como ele aluga filmes pornô e acumula em
seu computador centenas de fotos obscenas, sem perceber que emporcalha sua alma
e se rebaixa a um nível sub-humano. Sem amor, o sexo o esvazia sempre mais de
toda ternura e toda delicadeza...
E a ambição, que move o político a
trocar tudo pelo poder, a aceitar qualquer negociata, qualquer ato de
corrupção, desde que isso lhe permita manter-se em posição de mando. Ambição
que leva o empresário a explorar a mão-de-obra do pobre, fazendo-o escravo ou
pagando-lhe salário de fome...
No entanto,
todos os leprosos podem ser limpos de seu pecado e ver regenerada a imagem
divina que haviam perdido. Um ladrão, crucificado ao lado de Jesus, iria
reabrir o paraíso (Lc 23, 43). O Saulo odioso e violento seria o novo Paulo a
anunciar a salvação estendida aos pagãos. O Agostinho pecador viria a ser o
cantor da misericórdia e da graça de Deus.
Do fundo do
poço, revestido de lepra, o pecador se volta para Cristo e faz um ato de fé:
“Se queres, podes limpar-me...” E Jesus responde: “Eu quero! Sê limpo!”
Orai sem cessar: “Purifica-me, Senhor, do meu pecado!” (Sl 51, 4)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade
Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário