quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

PALAVRA DE VIDA


 ... aos pobres me enviou! (Lc 4,14-22a)
            Desde o Antigo Testamento, as promessas de Deus falavam de um Messias que seria enviado aos pobres, acudindo aos órfãos, às viúvas e ao estrangeiro (cf. Is 1,17; 66,2; Os 14,3). No entanto, quando se anuncia a ternura de Deus pelos pobres, até a classe média (que não é rica, a rigor) se sente incomodada. No fundo, talvez, não se sintam pobres... E por isso, sentem-se excluídos...
            Ora, somos todos pobres. O rico que não tem fé é pobre. O pobre que se revolta com sua pobreza, também é. O idoso que vai perdendo a força e a saúde, eis o pobre! O milionário que só conta consigo mesmo, como é pobre! Se o pobre que confia em Deus é rico, o homem rico que se tranca a sete chaves com medo do ladrão, pobrezinho!... Frei Raniero Cantalamessa fala de “ricos no tempo e pobres na eternidade”, quando nossos tesouros são apenas as riquezas que passam, e não os valores eternos. Dinheiro, terras e fama, tudo leva o tempo. Só o amor de Deus permanecerá conosco...
            Ouvir que Jesus veio para anunciar a Boa Nova aos pobres devia nos encher de alegria e de gratidão! Afinal, não podemos salvar a nós mesmos. Não há boa obra que possa comprar-nos o céu. A salvação será sempre um dom gratuito que manifesta a misericórdia, o “louco amor” de Deus por nós. Assim sendo, somos pobres: é sobre nós que se derrama o rico amor de Deus.
            Já é tempo, pois, de mudar de mentalidade! Nós somos todos pobres. Somos absolutamente miseráveis. E é exatamente a nossa miséria que “faz cócegas” na misericórdia de Deus. Nossa miséria atrai seu olhar de compaixão. Jesus deixou isto bem claro: quem precisa de médico é o doente; ele não veio para os “justos”, mas para os pecadores...
            Assim comenta a Bíblia de Navarra: “Por ‘pobres’ deve entender-se, segundo a tradição do AT e a pregação de Jesus, não tanto uma determinada condição social, mas antes a atitude religiosa de indigência e de humildade diante de Deus dos que, em vez de confiar nos seus próprios bens e méritos, confiam na bondade e na misericórdia divinas”.
            Claro, há pobres à espera de meu amor e de meu serviço. É uma questão de fé! Como escreve Bento XVI, “em virtude da fé, podemos reconhecer naqueles que pedem o nosso amor o rosto do Senhor ressuscitado. ‘Sempre que fizestes isto a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes’ (Mt 25,40): estas palavras de Jesus são uma advertência que não se deve esquecer e um convite perene a devolvermos aquele amor com que Ele cuida de nós. É a fé que permite reconhecer Cristo, e é o seu próprio amor que impele a socorrê-Lo sempre que se faz próximo nosso no caminho da vida”. (Porta Fidei, 14)
            Se me sinto rico, tenho a ilusão de não precisar de Deus. Se sou pobre, Deus se debruça e me abraça.
Orai sem cessar: “Senhor, o fraco se entrega a ti!” (Sl 10,14)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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