Como ovelhas sem pastor... (Mc 6,34-44)
Sempre a
caminho, Jesus ensina e cura os enfermos... Coração apertado diante de tanto
sofrimento e dor, contempla a multidão e a vê como ovelhas sem pastor. Quem
deveria cuidá-las, orientando-as para Deus, optou por outras prioridades...
Pais não educam os filhos. Mães põem a “realização pessoal” acima das
necessidades das crianças. Professores burocráticos não se interessam por seus
alunos. Párocos enriquecem às custas do rebanho. Maus pastores...
A sociedade
não teria chegado ao impasse atual se os pastores tivessem apascentado o
rebanho. No alto da pirâmide, governantes que fizeram opções erradas em
prejuízo dos cidadãos. Na base, espectadores indiferentes à miséria dos mais
pobres, à falta de oportunidades para as crianças e adolescentes, à demolição
da vida familiar. Todos temos culpa no cartório. Falhamos em algum ponto da
caminhada. Escolhemos outros alvos: carreira, sucesso, conforto, segurança
financeira. Isto nos fechou em nosso próprio mundo. Se algo ia mal à nossa
volta, rotulávamos de “problema social”. Isto é: não temos nada com isso!
Muitos
tentam evitar o desastre. Dom Bosco gasta a vida a cuidar das crianças que a
Itália abandonara. Madre Teresa abraça os pobres da Índia com amor de mãe. S.
Joana de Lestonnac dá formação católica às meninas da França em plena Reforma
protestante. Abbé Pierre incentiva os “trapeiros de Emaús” a viverem com as
sobras que os ricos jogavam no lixo. Mas é muito pouco! A selva capitalista
multiplica a violência e espalha fome e miséria. O rebanho abandonado, cada vez
maior, faz ecoar pelo planeta o repto que convida a abrir os braços ao próximo
e, simplesmente, amar.
“De fato,
não poucos cristãos dedicam amorosamente a sua vida a quem vive sozinho,
marginalizado ou excluído, considerando-o como o primeiro a quem atender e o
mais importante a socorrer, porque é precisamente nele que se espelha o próprio
rosto de Cristo.” (Bento XVI, Porta Fidei,
14)
Nem todos
são surdos. A Comunidade Jesus Menino acolhe deficientes físicos e mentais e
vive com eles em família. A Aliança de Misericórdia sai às praças de S. Paulo
para levar amor aos moradores de rua, mendigos, drogados ou prostitutas. A Nova
Aliança leva a Palavra de Deus aos fiéis esquecidos pelas paróquias. Leigos
visitam cadeias e hospitais. Os grupos do AA acolhem como irmãos os dependentes
do álcool. Os Vicentinos levam pão a famílias sem recursos. Mas ainda é pouco.
Muito pouco. E cresce a multidão dos desvalidos, verdadeiros intocáveis que a sociedade
ejeta do sistema. E nós, os bons, estamos ocupados demais com negócios, lazer,
novelas na TV. E Jesus Cristo contempla a multidão e vê... que ainda são
ovelhas sem pastor...
Quando
cuidaremos das ovelhas do Senhor?
Orai sem cessar: “O Senhor não rejeitará o seu povo!” (Sl 94, 14)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário