O
“último desejo” de Jesus foi exatamente a missão confiada a seus discípulos: ir
por todo o mundo e anunciar o Evangelho. Da Judeia para a Palestina, da
Palestina para “o mundo todo”. Uma tal amplitude como campo missionário deveria
parecer aos discípulos uma tarefa fora de propósito. Afinal, eram um bando de
lavradores, pescadores, um ou dois zelotas, um cobrador de impostos
aposentado... Que belo exército!
Só
que este raciocínio não leva em conta um fator essencial para a missão: o
Espírito Santo lhes seria dado em Pentecostes. Com o “poder do alto” (Lc 24,49),
veriam suas faculdades humanas potencializadas e suas deficiências mais que
compensadas. De fato, o roceiro mostra-se poliglota, o covarde se faz ousado, o
capiau se revela cosmopolita. Eram homens novos, forjados no fogo do Espírito.
Hoje,
sob o impacto de terríveis tsunamis morais, diante da invasão do
consumismo e do ateísmo, a Igreja poderia sentir-se incapaz de levar adiante
sua tarefa evangelizadora. Mas ela sabe da assistência do Espírito Santo em sua
navegação espiritual. Eis o que escreveu o Papa João Paulo II em sua magnífica
Encíclica sobre a “validade permanente do mandato missionário”:
“No
ápice da missão messiânica de Jesus, o Espírito Santo aparece-nos, no mistério
pascal, em toda a sua subjetividade divina, como Aquele que deve continuar
agora a obra salvífica, radicada no sacrifício da cruz. Esta obra, sem dúvida,
foi confiada aos homens: aos Apóstolos e à Igreja. No entanto, nestes homens e
por meio deles, o Espírito Santo permanece o sujeito protagonista transcendente
da realização dessa obra, no espírito do homem e na história do mundo.” (Redemptoris
Missio, 21)
E
mais: “Verdadeiramente o Espírito Santo é o protagonista de toda a missão
eclesial: a sua obra brilha esplendorosamente na missão ad gentes, como se vê
na Igreja primitiva pela conversão de Cornélio (cf. At 10), pelas decisões
acerca dos problemas surgidos (cf. At 15), e pela escolha dos territórios e
povos (cf. At 16,6ss). O Espírito Santo age através dos Apóstolos, mas, ao
mesmo tempo, opera nos ouvintes: Pela Sua ação, a Boa Nova ganha corpo nas
consciências e nos corações humanos, expandindo-se na história. Em tudo isto, é
o Espírito Santo que dá a vida.” (Idem)
Vivo
entre nós, o Espírito Santo nos impele à missão...
Orai
sem cessar: “O
Senhor sustenta os que vacilam.” (Sl 145,14)

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