domingo, 28 de abril de 2013

PALAVRA DE VIDA



Foi glorificado... (Jo 13,31-33a.34-35)

            Quando os primeiros cristãos diziam à comunidade judaica que o Messias fora condenado à morte de cruz, criava-se uma situação de escândalo. Afinal, para o povo hebreu a cruz era sinônimo de maldição: “Maldito todo aquele que é suspenso no madeiro”. (Dt 21,23, citado por Paulo em Gl 3,13.) Aí vem Jesus e anuncia a hora de sua “glorificação” (Jo 17,4-5) como a experiência da cruz, seguida da ressurreição. Não admira que tenha poucos seguidores!
            Nossa noção humana de “glória” é bem outra... Consideramos como gloriosa a entrada triunfal do general vencedor na cidade vencida. Glorioso é o escritor eleito para a Academia de Letras ou o pesquisador agraciado com o Prêmio Nobel. Glória recebem os artistas que conquistam o cobiçado Oscar. Até mesmo a canonização de um santo é considerada como indicação de “glória”.
            Mas não compreendemos que a glória de Deus possa brotar de uma vida como a de Jesus: pobreza, vida oculta, convivência com os miseráveis e marginalizados, perseguição e calúnias, prisão e condenação injustas, torturas, humilhações e execução na cruz do Calvário. Ao fim de tudo, o Senhor exclama: “Consummatum est!” Tudo está consumado. Levei minha missão até o fim. Não ficou nada incompleto...
            Sim, a vida de Jesus teve momentos que nós diríamos gloriosos: anjos a cantar glória quando Ele nasceu em Belém. Sua transfiguração no Tabor, inundado de luz divina, ao som da voz do Pai. Enfim, após sua morte, a ressurreição (sem testemunhas do evento!) e a ascensão ao Pai, perante os discípulos aparvalhados. Parece, porém, muito pouco em contraste com 33 anos de pobreza, ignorado do mundo oficial e misturado à multidão dos esquecidos do planeta! A glorificação de Cristo só será completa quando vier como Senhor e Juiz dos vivos e dos mortos, em sua Segunda Vinda (Mt 25,31ss).
            Por outro lado, A suprema obediência de Jesus contribui para glorificar o Pai, ao revelar o mundo a excelência desse Amor que investe seu maior dom: o Filho! – para nossa salvação. “Por isso”, diz o Apóstolo Paulo (Fl 2,9), o Pai o exaltou acima de todo nome. E com isso o cristão aprende que a verdadeira glória passa pela cruz... Outras glórias se esfumam como nuvem passageira: aplausos, prêmios, comendas, medalhas e o Guiness Book, entre outras lantejoulas deste mundo provisório.
Orai sem cessar: “Senhor, amo o lugar onde habita a tua glória!” (Sl 26,8)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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