Foi glorificado... (Jo 13,31-33a.34-35)
Quando os
primeiros cristãos diziam à comunidade judaica que o Messias fora condenado à
morte de cruz, criava-se uma situação de escândalo. Afinal, para o povo hebreu
a cruz era sinônimo de maldição: “Maldito todo aquele que é suspenso no
madeiro”. (Dt 21,23, citado por Paulo em Gl 3,13.) Aí vem Jesus e anuncia a hora
de sua “glorificação” (Jo 17,4-5) como a experiência da cruz, seguida da
ressurreição. Não admira que tenha poucos seguidores!
Nossa
noção humana de “glória” é bem outra... Consideramos como gloriosa a entrada
triunfal do general vencedor na cidade vencida. Glorioso é o escritor eleito
para a Academia de Letras ou o pesquisador agraciado com o Prêmio Nobel. Glória
recebem os artistas que conquistam o cobiçado Oscar. Até mesmo a canonização de
um santo é considerada como indicação de “glória”.
Mas não
compreendemos que a glória de Deus possa brotar de uma vida como a de Jesus:
pobreza, vida oculta, convivência com os miseráveis e marginalizados,
perseguição e calúnias, prisão e condenação injustas, torturas, humilhações e
execução na cruz do Calvário. Ao fim de tudo, o Senhor exclama: “Consummatum
est!” Tudo está consumado. Levei minha missão até o fim. Não ficou nada
incompleto...
Sim, a
vida de Jesus teve momentos que nós diríamos gloriosos: anjos a cantar glória
quando Ele nasceu em Belém. Sua transfiguração no Tabor, inundado de luz
divina, ao som da voz do Pai. Enfim, após sua morte, a ressurreição (sem
testemunhas do evento!) e a ascensão ao Pai, perante os discípulos
aparvalhados. Parece, porém, muito pouco em contraste com 33 anos de pobreza,
ignorado do mundo oficial e misturado à multidão dos esquecidos do planeta! A
glorificação de Cristo só será completa quando vier como Senhor e Juiz dos
vivos e dos mortos, em sua Segunda Vinda (Mt 25,31ss).
Por outro
lado, A suprema obediência de Jesus contribui para glorificar o Pai, ao revelar
o mundo a excelência desse Amor que investe seu maior dom: o Filho! – para
nossa salvação. “Por isso”, diz o Apóstolo Paulo (Fl 2,9), o Pai o exaltou
acima de todo nome. E com isso o cristão aprende que a verdadeira glória passa
pela cruz... Outras glórias se esfumam como nuvem passageira: aplausos,
prêmios, comendas, medalhas e o Guiness Book, entre outras lantejoulas
deste mundo provisório.
Orai sem cessar: “Senhor, amo o lugar onde
habita a tua glória!” (Sl 26,8)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica
Nova Aliança.

Nenhum comentário:
Postar um comentário