Deixamos
tudo... (Mc 10,28-31)
Jesus
acaba de exagerar... Para expressar com clareza que o apego aos bens materiais
impede o progresso espiritual, ele apelou para dois extremos: o maior animal
daquela região (o camelo) e a menor passagem conhecida (o furo da
agulha). Agora, era só juntar os dois: “É mais fácil um camelo passar pelo
fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus”.
Todos
se assustam. “Então, quem se salva? Ninguém?” Jesus reflete: “O que é
impossível para os homens, é possível para Deus”. E Pedro resolve arriscar: “E
nós... que deixamos tudo... e te seguimos?”
Ora,
Pedro, faça-me o favor! Deixaram tudo?! Que foi que você deixou? A sogra
velha e doente? Aquela barca velha e cansada, que fazia água quando o vento
embravecia? Aquelas velhas redes, que vocês estavam remendando quando o Mestre
os chamou? Aquele lago avarento, que vocês chamavam de mar e que deu peixes
apenas três vezes em todo o Evangelho, exatamente quando Jesus fez três
milagres? (Cf. Lc 5; Mt 17,26; Jo 21.)
Assim
somos nós, tal como Pedro e seus companheiros. De que foi que abrimos mão para
seguir a Jesus? Diplomas que mofam nas gavetas? Empregos que uma recessão
econômica pulveriza? Juras de amor que duram um verão? E são quinquilharias
desse tipo que costumam impedir que sigamos o chamado de Deus!!!
Enquanto
isso, imperturbável, Teresa de Ávila canta a meia voz:
Nada
de perturbe,
nada te espante;
tudo
passa,
Deus
não muda.
A
paciência
tudo
alcança;
Quem
a Deus tem,
nada
lhe falta.
Só
Deus basta.
Deus me basta? Preenche a minha vida?
Ou ainda preciso de algo mais para ser feliz?
Orai sem cessar: “Põe tua esperança no Senhor!” (Sl 131,3)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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