Bendita
és tu entre as mulheres! (Lc 1,39-56)
No
último dia do mês de maio, a Igreja celebra a festa da Visitação da
Bem-Aventurada Virgem Maria. A fonte bíblica é o texto de S. Lucas, que narra a
caminhada da Virgem Maria até Ain Karim, nas encostas de Judá, onde morava
Isabel, mãe de João Batista, que estava no final de sua gravidez.
As
duas mulheres representam com vivacidade as duas Alianças: Isabel, estéril,
grávida pela intervenção divina (cf. Lc 1,7.13), é imagem da Primeira Aliança;
Maria, virgem, grávida por ação direta do Espírito Santo (cf. Lc 1,35) é a
mulher “cheia de graça”, escolhida como Mãe do Messias prometido.
Quando
as duas se encontram e Maria saúda Isabel, seu shalom foi o sinal para
que Isabel e João Batista, ainda no ventre materno, ficassem também eles cheios
do Espírito Santo. É movida pelo mesmo Espírito que Isabel chama sua jovem
parenta de “bendita entre as mulheres”. Trata-se de um superlativo: no meio de
um povo abençoado, onde brilharam mulheres admiráveis como Rute, Judite e
Ester, o Senhor estabelecera Maria acima de todas as demais.
A
Visitação é, pois, uma ponte entre as duas Alianças. Um passo de transição. É
como se o passado se encontrasse com o futuro (feito presente), para que Isabel
fosse a primeira a reconhecer Maria como Mãe de Deus: “De onde me vem a honra
de vir até mim a Mãe do meu ADONAI?” Adonai, o Senhor, é o Deus de Israel. Ele
acaba de se encarnar e nascerá de mulher... Assim cumprirá a promessa de ser
Emanuel, o Deus-conosco, o Deus-em-nós!
Natural
do que Maria irrompa em louvor, com o “Magnificat”, que repassa e atualiza a
história da salvação, de geração em geração, enquanto o povo de Israel esperava
pela chegada do “Descendente” prometido a Davi. É a reação de profunda gratidão
ao Deus fiel, que cumpre, a seu tempo, cada uma de suas promessas. A forma como
Deus age na história sempre causa assombro e incita ao louvor, à admiração e à
ação de graças. Só uma sociedade enfastiada pelo luxo e pela gula sem medidas
pode permanecer indiferente às obras do Senhor. Já os pobres de Deus, os
“curvados”, os anawim, estes erguem os olhos ao céu, estendem as mãos vazias
e tudo esperam do Senhor.
Mais
do que para lavar fraldas, Maria vai até Isabel para confirmar o sinal que lhe
fora dado pelo Anjo (cf. Lc 1,36) e passar para ela a nova vibração do Espírito
Santo. No encontro das duas mulheres, a presença de Deus no meio de seu povo...
Orai sem cessar: “Bendito é o fruto do teu ventre,
Jesus!” (Lc 1,42)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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