Não
vim abolir a Lei... (Mt
5,17-19)

“Os preceitos naturais da Lei, isto
é, aqueles pelos quais o homem se torna justo e que, mesmo antes do dom da Lei,
observavam os homens que eram justificados por sua fé e assim agradavam a Deus,
o Senhor não aboliu esses preceitos, mas os amplificou e levou à perfeição. ‘Se
vossa justiça – disse Ele mesmo – não ultrapassar aquela dos escribas e
fariseus, não entrareis no Reino dos céus’. (Mt 5,20)
Imposta a escravos, a Lei educava a
alma a partir do exterior e do corporal, conduzindo-a, como por uma corrente,
até a submissão aos mandamentos, a fim de que o homem aprendesse a se ajustar
com Deus. Mas o Verbo liberou a alma e ensina a purificar o corpo pelo
interior, a partir da vontade e do coração.
Era preciso, desde então, que fossem
suprimidas as cadeias da servidão graças às quais o homem pudera formar-se, e
doravante ele seguisse a Deus sem correntes; mas também era necessário que
fossem amplificados os preceitos da liberdade e fosse acrescida a submissão ao
Rei, para que ninguém, voltando atrás, se mostrasse indigno de seu Libertador.
É por isso que o Senhor nos deu,
como palavra de ordem, em lugar de não cometer o adultério, nem mesmo cobiçar;
em lugar de não matar, nem mesmo nos pôr em cólera; em lugar de amar somente
nossos próximos, amar também os inimigos; não somente ser generoso e pronto a
repartir, mas ainda doar graciosamente nossos bens àqueles que no-los tomam: ‘A
quem toma a tua túnica – diz Ele – dá também o teu manto’. (Mt 5,40).
Deste modo, não ficaremos tristes
como pessoas que tivessem sido despojadas contra sua vontade, mas, ao
contrário, nos alegraremos como pessoas que tivessem doado de bom coração, pois
teremos feito um dom gratuito ao próximo, mais do que ter cedido à necessidade.
‘E se alguém – diz Ele – te obriga a fazer mil passos, faz com ele dois mil’
(Mt 5,41), a fim de não o seguir como um escravo, mas precede-lo como um homem
livre.
Assim, em todas as coisas, tu te
tornarás útil a teu próximo, sem considerar a maldade dele, mas levando ao
cúmulo a tua bondade, e te tornarás semelhante ao Pai ‘que faz o sol erguer-se
sobre os maus e os bons, e chover sobre os justos e os injustos’ (Mt 5,45).”
Esta era a pregação dos apóstolos,
não muito preocupados em contestar as estruturas sociais de seu tempo, mas
dedicados a orientar para Deus o coração dos homens.
A que se apega o meu coração?
Orai sem cessar: “A tua Lei, Senhor, é todo o meu
prazer.” (Sl 119,174)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário