Não
matarás!
(Mt 5,20-26)

No Evangelho de hoje, Jesus
exemplifica com o 5º mandamento: “Não matarás!” E mostra que pode haver uma gradação,
uma espécie de “escada do ódio”, com vários degraus. Irar-se contra o irmão,
chamá-lo de imbecil (raca, entre os semitas) ou de doido, são formas
civilizadas de “matar”. Parecem pecados menos graves, mas o ódio é o mesmo!
No dia-a-dia, nossos relacionamentos
oferecem seguidas oportunidades de amar. São situações que se abrem ao perdão,
à compreensão, à paciência, mas podem derivar para a condenação, a rejeição, a
agressividade. Uma pessoa honesta e educada pode conter-se e evitar reações
explosivas ou ofensivas, mas, ao mesmo tempo, alimentar no coração projetos de
vingança, desejar prejuízos para os outros e, mesmo, alegrar-se com seus
insucessos. Apesar da honestidade exterior e da polidez aparente, o ódio mortal
corre pelas artérias...
Há muitas formas de matar. Mata-se
quando se calunia o justo, quando jogam lama na reputação dos outros, quando se
propagam escândalos com requintes de sadismo. Mata-se ao sabotar o trabalho dos
companheiros, ao negar o reconhecimento a seus esforços, ao pagar salário de
fome aos empregados.
Posso matar semeando dúvidas sobre
questões de fé, incentivando a revolta contra Deus e a Igreja, oferecendo
ocasiões de pecado aos que convivem comigo. Matamos pelo mau exemplo, pela má
palavra, pelo mau conselho. Matamos por omissão ao recusar ajuda.
Quando cresce a violência à nossa
volta e o medo nos encerra por trás de muros altos e cercas eletrificadas,
crescem também as vozes que clamam pela pena de morte. Será que o remédio para
a violência gratuita é a violência institucionalizada? A vingança e o
linchamento serão nossa resposta a quem nos agride?
Sentimentos, palavras e atos: três
degraus em progressão para amar ou odiar. Se o ódio cresce em nós, irá
progredindo de silêncios para antipatias, de reservas para a formação de
partidos, de acusações a campanhas de difamação, de confrontos ao assassinato.
Mas o ódio é o mesmo...
Que sentimentos inspiram meus
pensamentos, municiam as minhas palavras, movem as minhas ações? Ódio ou amor?
Orai sem cessar: “Perdoa-nos as nossas dívidas,
como
também perdoamos aos nossos devedores.” (Mt 6,12)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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