Dai
de graça... (Mt
10,7-13)

Igual maldição há de merecer aquele
que “usa” o Evangelho e a religião com a intenção de acumular fortuna,
explorando impiedosamente a inocência ou a ignorância do povo simples. A
exemplo do Mestre, seus seguidores vivem vida simples e sóbria. Mesmo quando
dotados de dons extraordinários (como o dom de curar enfermos do Pe. Emiliano
Tardiff), o homem de Deus jamais fará negócio com tais poderes.
Mas há muitos “dons naturais” que
nos foram concedidos e que devemos partilhar com nossos irmãos. Conhecimentos,
habilidades, pendores artísticos e – por que não? – força muscular, tudo pode
ser orientado para o bem de nossos irmãos, para o enriquecimento da comunidade
humana.
Assim, conhecemos o admirável
exemplo de George Washington Carver, filho de escravos nos EUA, que recusou um
alto salário no laboratório de Thomas Edison, preferindo exercer seu humilde
trabalho de professor em uma escola rural, ensinando as famílias pobres a usar
melhor os recursos de suas terras. Músico e pintor de qualidade, Carver morreu
pobre e solteiro, pois sabia que seria difícil encontrar uma esposa que
adotasse seu estilo de vida tão despojado.
Em um mundo como o nosso,
capitalista e contabilizado, onde escasseiam a dedicação e o altruísmo
desinteressado, mesmo em atividades como a medicina, o magistério e o
sacerdócio, Jesus nos chama a viver para nossos irmãos, multiplicando entre
eles o amor que Deus nos dá de graça.
Recentemente, o minúsculo “testamento”
de João Paulo II revelou ao mundo o seu notável espírito de pobreza. Alguns
anos atrás, Madre Teresa de Calcutá visitara São Paulo, trazendo como bagagem
uma muda de roupa e uma pequena bacia, dentro de uma caixa de biscoitos
amarrada com um cordão de persiana. O desprendimento e a sobriedade de quem
segue a Jesus dão testemunho da profunda liberdade espiritual que o Espírito de
Deus pode infundir em nós.
Estamos preocupados em acumular? Ou
em partilhar? Não nos basta o tesouro do amor de Deus experimentado em nossa
vida?
Orai sem cessar: “O Senhor é meu pastor. Nada me
falta.” (Sl
23,1)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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