Os
pobres em espírito... (Mt 5,1-12)

“Quando Jesus diz ‘felizes os pobres
em espírito’, ele nos mostra que o Reino dos céus será dado antes à humildade
do coração que à ausência de riquezas. Entretanto, não há dúvida de que os
pobres obtêm esse dom mais facilmente que a e os ricos, pois a pobreza os
inclina mais facilmente à bondade, e a riqueza dos outros leva-os mais à
arrogância.
Apesar disso, muitos ricos possuem
esse espírito que não põe a abundância a serviço de seu prestígio, mas das
obras de benemerência. Para estes, o ganho maior é aquilo que eles gastam para
suavizar a miséria e o sofrimento de outrem. Assim, a humildade do coração é
partilhada por pessoas de todas as condições.
Nós podemos ser iguais nas
disposições, mesmo sem o ser na fortuna. Seja qual for a desigualdade de seus
bens terrestres, não há distância entre aqueles que são iguais em nível dos
bens espirituais. Feliz, pois, a pobreza que não deseja aumentar suas riquezas
aqui de baixo, mas aspira a enriquecer-se dos bens celestes.
Depois do Senhor, os primeiros que
nos deram o exemplo dessa pobreza magnânima foram os apóstolos. Deixando todos
os seus bens ao chamado do divino Mestre, alegremente se converteram e
abandonaram a pescaria de peixes para se tornarem pescadores de homens (cf. Mt
4,18-20). Entre estes, muitos se assemelharam a eles ao imitar sua fé: junto
aos primeiros filhos da Igreja, “todos os fiéis tinham um só coração e uma só
alma” (At 4,32). Despojados de todas as suas posses, estavam enriquecidos dos
bens eternos graças à santa pobreza. A partir da pregação dos apóstolos, eles
se alegravam por nada possuírem neste mundo, mas possuírem tudo em Cristo.”
Não é preciso muita imaginação para
perceber que a “opção preferencial pela pobreza” adotada pelos primeiros
cristãos derivava de uma experiência de plenitude: Jesus Cristo bastava para
preencher o coração deles! Cheios de Deus, cheios do Espírito de Pentecostes,
não havia em seu coração espaço algum para acumular as quinquilharias deste
planeta mineral...
Claro, isto me leva a considerar o
polo oposto: se estou ocupado em acumular esses mesmos balangandãs que os
apóstolos abandonaram, não será porque meu coração ainda não está cheio de
Deus?
É perigoso imitar Ananias e Safira
(cf. At 5) e guardar parte do valor do campo como reserva pessoal. A cobiça
pode fulminar...
Orai sem cessar: “A Ti, Senhor, o pobre se
recomenda!” (Sl 10,14b)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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