Ela
mostrou muito amor...
(Lc
7,36-8,3)

Ela beijava os pés de Jesus,
molhava-os com lágrimas e, ao notar que sujava os pés do Rabi com suas lágrimas
impuras, logo os enxugava com seus longos cabelos. Aliás, a mulher da Palestina
mantinha habitualmente os cabelos presos sob o véu, e só os soltava para o seu marido,
na intimidade da alcova. Soltar os cabelos em público era algo simplesmente
impensável!
Na tradição judaica, se o impuro
toca alguém, transfere a esta pessoa a sua própria impureza. Diante daquela
cena insólita, o anfitrião, o fariseu Simão, se escandaliza: “Fosse este um
profeta – isto é, um iluminado de Deus -, saberia que tipo de mulher é esta
aí...” Jesus, porém, está lendo seus pensamentos. Daí a pronta lição:
“Simão, você não mandou lavar
meus pés com água, como é costume entre nós. Ela os lavou com
lágrimas. Simão, você não me beijou o rosto com o ósculo da paz,
como é tradição na hospitalidade oriental. Ela me beijou os pés. Simão,
você não mandou ungir minha cabeça com óleo. Pois ela ungiu meus pés
com precioso nardo importado do Egito (cf. Jo 12,3). Como explicar a
diferença de atitudes? É que ela foi perdoada, por isso ama tanto! Você
acredita que não precisa de perdão, por isso não ama...”
Este é o risco dos honestos: tão
prontos a julgar e condenar os outros, mas tão lentos em perceber que também
precisam de perdão. Tão afeitos a cumprir normas e a se sentirem superiores por
isso, mas tão lerdos a perceber que o amor supera todas as normas e cobre a
multidão dos pecados...
Estive pensando que o sacramento
da reconciliação e da penitência – a popular confissão dos pecados – foi um belo gesto de amor da parte de
Jesus, que se alegra em nos dar seu perdão. Verifico também que muita gente
evita este sacramento. Será que se identificam com o fariseu Simão, julgando
que não precisam do perdão que Deus nos oferece gratuitamente? Será que não
percebem suas palavras, gestos e omissões que sinalizam egoísmo e indiferença
ao próximo, impulsos de ira e violência, desejos e pensamentos nem sempre
“confessáveis” ?
Mas isto parece fora do contexto,
não é?
Orai sem cessar: “Deus tenha misericórdia de nós!”
(Sl 67,2)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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