
Nossa carne adâmica tem natural
repulsa pelo sofrimento. Antes, prefere o prazer e as facilidades. A simples
ideia de uma vida sóbria, simples, ascética, já nos deixa um tanto assustados.
Não admira que faltem as vocações para a vida consagrada em uma sociedade declaradamente
hedonista!
Desde o início, a escolha da cruz
como instrumento de salvação seria considerada escândalo para os judeus e
loucura para os pagãos (cf. 1Cor 1,23). Além do mais, os judeus contemporâneos
de Jesus andavam à espera de um Messias triunfante. Foi indizível a sua
decepção com o Servo sofredor, suspenso no madeiro, como alguém que se fazia
maldição. (Gl 3,13.)
Contemplando a vítima do
Calvário, o cristão encontra forças para carregar as cruzes de cada dia. A
poesia pode ajudar nossa contemplação. Por isso, ofereço-lhe meu soneto “Diante
da Cruz”:
Ó vivas fontes a jorrar das Chagas
Para inundar de vida o Universo,
Vinde afogar-me em vós, bem fundo,
imerso
No abismo sacrossanto dessas vagas!
Ó
vivo Sangue a escorrer em bagas
Para
lavar o pecador perverso,
Se
andei distante, em meu errar disperso,
As
marcas do meu crime logo apagas!
Ah! Quem me dera fossem muitas vidas
Para curar a dor dessas feridas,
Com beijos apagar a cicatriz...
E
o Amor eterno diz, neste momento:
-
Já não me faz sofrer o sofrimento.
Quem
ama sofre e pode ser feliz!
Orai sem cessar: “Fomos curados graças às suas
chagas...” (Is
53,5)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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