Salva-nos, Senhor, que perecemos! (Mt 8,23-27)
No fundo da
barca, dormia o Mestre em plena tempestade (dormia mesmo?... ou fingia, para
testar aqueles marmanjos?). E os discípulos acordam Jesus com gritos
desesperados: “Salva-nos, Senhor, que estamos perdidos!” Mas Jesus é grande.
Maior que o vento. Maior que o mar. Maior que o medo. O narrador registra que
Jesus “se ergueu”. Ficou de pé na barca, em plena borrasca, e com um gesto
imperativo calou a ventania e fez dormir as águas.
Somos
discípulos medrosos, inseguros. Nossa esperança se evapora diante das crises.
Nossa coragem se esfarinha ao primeiro obstáculo. Nossa fé se congela diante da
primeira tentação. Parece que Jesus não está no mesmo barco!
O barco é a
família. Navega contra o vento do consumismo, da busca de prazeres, da rebeldia
dos filhos. Navega contra as toxinas da TV, a propaganda do ateísmo, o ácido da
contracepção. E tudo indica que vamos soçobrar...
O barco é a
Igreja. Navega contra as correntezas do ateísmo, do racionalismo, do
relativismo. Navega contra as pressões do paganismo que renasce, das calúnias
dos meios de comunicação, da desobediência dos próprios ministros. E tudo
sugere que não chegaremos ao porto...
O barco é o
planeta. Navega contra a destruição ambiental, a expansão das epidemias, o
esgotamento dos recursos naturais. Navega contra as mazelas do sistema
econômico, contra o terrorismo fundamentalista, contra a corrida armamentista.
E tudo aponta para o caos...
Mas alguém
dorme no fundo do barco. Dorme? Ou finge que dorme, esperando que se eleve um
grito universal, em todas as línguas, de todas as nações: “Salva-nos, Senhor,
que perecemos” ?
Chegamos a
pensar que o progresso científico livraria a humanidade de seus males. Depois
de Hiroshima, a ilusão se dissipou em forma de cogumelo. Chegamos a pensar que
acordos políticos suavizariam os ódios internacionais. O fracasso da ONU jogou
por terra este remédio. A quem recorrer?
Recorramos,
confiantes, Àquele que parece dormir, mas apenas espera pelo grito da Humanidade.
Orai sem cessar: “Não dormirá aquele que te guarda!” (Sl 121,3)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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