terça-feira, 2 de julho de 2013

PALAVRA DE VIDA

 Salva-nos, Senhor, que perecemos! (Mt 8,23-27)
            Era a barca pequena. No latim de São Jerônimo, “naviculam” – um diminutivo. O “mar” era pequeno: o Lago de Genesaré, mas em região de poucas águas um lago acaba sendo chamado de mar. Mar da Galileia ou de Tiberíades. A fé era pequena. Um vento atrevido, e o desastre parece iminente.
            No fundo da barca, dormia o Mestre em plena tempestade (dormia mesmo?... ou fingia, para testar aqueles marmanjos?). E os discípulos acordam Jesus com gritos desesperados: “Salva-nos, Senhor, que estamos perdidos!” Mas Jesus é grande. Maior que o vento. Maior que o mar. Maior que o medo. O narrador registra que Jesus “se ergueu”. Ficou de pé na barca, em plena borrasca, e com um gesto imperativo calou a ventania e fez dormir as águas.
            Somos discípulos medrosos, inseguros. Nossa esperança se evapora diante das crises. Nossa coragem se esfarinha ao primeiro obstáculo. Nossa fé se congela diante da primeira tentação. Parece que Jesus não está no mesmo barco!
            O barco é a família. Navega contra o vento do consumismo, da busca de prazeres, da rebeldia dos filhos. Navega contra as toxinas da TV, a propaganda do ateísmo, o ácido da contracepção. E tudo indica que vamos soçobrar...
            O barco é a Igreja. Navega contra as correntezas do ateísmo, do racionalismo, do relativismo. Navega contra as pressões do paganismo que renasce, das calúnias dos meios de comunicação, da desobediência dos próprios ministros. E tudo sugere que não chegaremos ao porto...
            O barco é o planeta. Navega contra a destruição ambiental, a expansão das epidemias, o esgotamento dos recursos naturais. Navega contra as mazelas do sistema econômico, contra o terrorismo fundamentalista, contra a corrida armamentista. E tudo aponta para o caos...
            Mas alguém dorme no fundo do barco. Dorme? Ou finge que dorme, esperando que se eleve um grito universal, em todas as línguas, de todas as nações: “Salva-nos, Senhor, que perecemos” ?
            Chegamos a pensar que o progresso científico livraria a humanidade de seus males. Depois de Hiroshima, a ilusão se dissipou em forma de cogumelo. Chegamos a pensar que acordos políticos suavizariam os ódios internacionais. O fracasso da ONU jogou por terra este remédio. A quem recorrer?
            Recorramos, confiantes, Àquele que parece dormir, mas apenas espera pelo grito da Humanidade.
Orai sem cessar: “Não dormirá aquele que te guarda!” (Sl 121,3)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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