... para dar sua vida... (Mt 20,20-28)

Mas
o Evangelho de hoje nos apresenta o contraste entre a glória terrena e o
“cálice” de Jesus. A Mãe de João e Tiago fez o papel de porta-voz dos filhos;
pediu para eles uma posição de honra especial quando Jesus viesse a estabelecer
o seu novo reino. Sinal claro de que ainda sonhavam com um “reino” material,
político e social, que suplantaria mesmo o brilho dos tempos de Salomão.
Jesus
responde-lhes com outra pergunta: “Podeis beber o cálice que eu hei de beber?”
Ora, de que “cálice” ele está falando? Trata-se de uma expressão figurada: a
“copa” (ou “cálice”) representa o sacrifício, pois nela se recolhia o sangue
dos animais oferecidos no Templo da Primeira Aliança. O cálice supõe uma
vítima, cujo sangue é aspergido sobre a assembleia em um ritual de purificação.
Por
várias vezes, Jesus se refere ao seu “cálice” (Jo 18,11; Mt 26,39), imagem de
seu batismo de sangue, que sofreria no Calvário. Caberia também aos Apóstolos a
oportunidade de sofrer perseguições e até o martírio, testemunhando a fé com a
própria vida.
Por
ora, a pretensão dos dois irmãos provoca ódio e ciúme dos companheiros, pois a
ânsia de glória e de sucesso estabelece a competição e leva à fratura da
unidade. Futuramente, ao imitarem seu Mestre com uma vida de serviço à Igreja,
de total dedicação a seu rebanho, acharão a unidade no comum martírio.
De
fato, a “comunhão” não se refere a uma “comum-união”. Em sua raiz latina, a
palavra “communio” tem dois mm: um do prefixo (com) e
outro do termo múnus (tarefa), para mostrar que só entramos em comunhão
quando assumimos nossa tarefa comum. Se o trono os separava, o Evangelho, a
cruz e a espada haveriam de uni-los para sempre no mesmo amor e na mesma fé.
Por
que temos caminhado com Jesus? Pela glória ou pela cruz?
Orai sem cessar: “Para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro.” (Fl 1,21)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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