Cheio de alegria! (Mt 13,44-46)

A
parábola do homem que encontra o tesouro escondido no campo orienta o nosso
olhar para outra direção. Para começar, em nenhum lugar se lê que tal homem
andasse à procura de tesouros. Tudo indica que era um lavrador e, ao revolver o
terreno, achou o inesperado tesouro. Nada que brote de planos e intenções
humanos, mas pura graça, puro dom.
Quando,
a seguir, o felizardo se dispõe a vender tudo o que tem para reunir os meios de
adquirir o terreno e, por consequência, tornar-se dono do tesouro, pode sugerir
a muitos que realizava um gesto de heroísmo: dar tudo em troca do bem
encontrado. Pois não é uma boa leitura da parábola! O que Jesus nos ensina é
que o homem foi invadido de uma tal alegria, que experimentou uma plenitude de
sentido em sua vida. Tinha, agora, uma razão para viver!
Feliz
do fiel que descobriu a alegria. Pobre daquele que ainda vê o cristianismo como
tábua de valores morais a serem penosamente exercitados. Cumpridos. Triste
daquele que só percebe no cristianismo a dimensão – importante, sim – da cruz.
E segue, vida afora, gemendo e chorando, desgostoso de tudo, à espera da morte
e da... recompensa por ter sido tão triste!
Ora,
quem encontrou o Deus de Jesus Cristo, achou também a fonte da alegria
espiritual. Irá irradiar à sua volta a luminosa alegria dos bem-aventurados,
ainda que envolvido pela trama de nossa condição humana, com tudo o que ela
inclui de penumbra e de dor.
Mesmo
na segunda parábola, na qual o mercador tinha a intenção de encontrar pérolas –
o que supõe esforço e disciplina interior -, a decisão de trocar tudo pela
pérola inigualável resulta do júbilo pelo achado. É sempre a alegria que leva à
decisão.
Se
a hipótese de escolher exclusivamente a Deus ainda desperta em nós um
sentimento de perda, é que ainda não experimentamos a verdadeira alegria. Os
mártires que caminhavam em direção ao carrasco, cantando hinos de louvor,
sabiam muito bem de que alegria estamos falando...
E
você? Já encontrou o seu tesouro?
Orai sem cessar: “Em vós, Senhor, eu estremeço de alegria” (Sl 9,3)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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