O filho do carpinteiro... (Mt 13,54-58)

Misteriosamente,
porém, numerosa multidão passou ao lado de Cristo e não pôde reconhecê-lo. Nas
esquinas da vida, cegados por interesses e ideologias, viram em Jesus apenas um
sábio judeu, um agitador político, o filho do carpinteiro.
Esta
constatação deve levar-nos à mais profunda gratidão pelo dom da fé. Afinal de
contas, não foi por nossa esperteza ou pela inteligência superior que a fé
brotou em nossos corações: é puro dom. Pura graça! Sinal do amor de Deus por
nós, manifestado através da herança dos pais, das tradições nacionais, da
presença da Igreja. Sem estas oportunidades, como chegaríamos a crer?
Fiquei
marcado por uma conversa telefônica com um amigo, pai de três ex-alunos meus.
Depois de muitos anos sem nenhum contato, ele me dizia: “Eu continuo o mesmo
que você conheceu: não creio em nada...” Naquele momento, cresceu em mim a
compreensão do grande presente que recebemos com o dom da fé! Crer não tem
preço...
No tempo de
Jesus, seus contemporâneos raspavam os cotovelos no Verbo de Deus encarnado,
mas bem poucos o identificaram. Foram raros os que chegaram ao ato de fé. Seus
vizinhos de Nazaré ficaram fixos na imagem banal do filho de José, o artesão [tékton, no grego de São Lucas]. E não
devemos culpá-los facilmente, pois eles viram o garoto Jesus buscando água na
fonte, firmando a peça de madeira que José serrava, correndo na rua com os
moleques da aldeia. Humano demais... comum demais...
Não sem
motivo, os judeus pediam “sinais”. O Messias esperado devia ser alguém fora do
comum. Mal acostumados com um passado de grandes milagres – o Mar Vermelho
partido em dois, o maná caindo do céu por 40 anos de marcha no deserto, as
muralhas de Jericó detonadas a golpes de... trombetas! – o povo de Israel
achava difícil reconhecer Jesus como o Prometido de Adonai. Por isso não o
reconheceram...
Hoje, é a
nossa vez. Este tempo ao nosso alcance é a oportunidade que nos foi dada para
identificar Jesus Cristo como o Filho de Deus que se encarnou e, amorosamente,
entregou a vida para nos salvar da morte eterna.
Pilatos
esteve bem perto. Chegou a perguntar: “Então, tu és rei?” (Jo 18,37) Mas cedeu
a outros interesses, incapaz de acolher a Verdade. Qual será a nossa escolha?
Orai sem cessar: “Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo!” (Mt
16,16)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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