sexta-feira, 2 de agosto de 2013

PALAVRA DE VIDA

 O filho do carpinteiro... (Mt 13,54-58)
          A “descoberta” de Jesus Cristo continua sendo um mistério insondável. Ao longo da história humana - desde Saulo de Tarso, passando por Agostinho de Hipona e Iñigo de Loyola, Ratisbonne e Charles de Foucauld -, muitos testemunharam esse encontro com Jesus Cristo, homem e Deus, Filho de Deus, nascido de mulher. E esse encontro virou de cabeça para baixo a vida de quem o encontrava.
            Misteriosamente, porém, numerosa multidão passou ao lado de Cristo e não pôde reconhecê-lo. Nas esquinas da vida, cegados por interesses e ideologias, viram em Jesus apenas um sábio judeu, um agitador político, o filho do carpinteiro.
            Esta constatação deve levar-nos à mais profunda gratidão pelo dom da fé. Afinal de contas, não foi por nossa esperteza ou pela inteligência superior que a fé brotou em nossos corações: é puro dom. Pura graça! Sinal do amor de Deus por nós, manifestado através da herança dos pais, das tradições nacionais, da presença da Igreja. Sem estas oportunidades, como chegaríamos a crer?
            Fiquei marcado por uma conversa telefônica com um amigo, pai de três ex-alunos meus. Depois de muitos anos sem nenhum contato, ele me dizia: “Eu continuo o mesmo que você conheceu: não creio em nada...” Naquele momento, cresceu em mim a compreensão do grande presente que recebemos com o dom da fé! Crer não tem preço...
            No tempo de Jesus, seus contemporâneos raspavam os cotovelos no Verbo de Deus encarnado, mas bem poucos o identificaram. Foram raros os que chegaram ao ato de fé. Seus vizinhos de Nazaré ficaram fixos na imagem banal do filho de José, o artesão [tékton, no grego de São Lucas]. E não devemos culpá-los facilmente, pois eles viram o garoto Jesus buscando água na fonte, firmando a peça de madeira que José serrava, correndo na rua com os moleques da aldeia. Humano demais... comum demais...
            Não sem motivo, os judeus pediam “sinais”. O Messias esperado devia ser alguém fora do comum. Mal acostumados com um passado de grandes milagres – o Mar Vermelho partido em dois, o maná caindo do céu por 40 anos de marcha no deserto, as muralhas de Jericó detonadas a golpes de... trombetas! – o povo de Israel achava difícil reconhecer Jesus como o Prometido de Adonai. Por isso não o reconheceram...
            Hoje, é a nossa vez. Este tempo ao nosso alcance é a oportunidade que nos foi dada para identificar Jesus Cristo como o Filho de Deus que se encarnou e, amorosamente, entregou a vida para nos salvar da morte eterna.
            Pilatos esteve bem perto. Chegou a perguntar: “Então, tu és rei?” (Jo 18,37) Mas cedeu a outros interesses, incapaz de acolher a Verdade. Qual será a nossa escolha?
Orai sem cessar: “Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo!” (Mt 16,16)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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