Um
tesouro escondido... (Mt 13,44-46)
Quando
lemos esta parábola de Jesus – e já passamos por ela tantas vezes! -, quase
sempre ficamos presos à imagem literal do “campo” onde existe um velho baú
enterrado, ou do profundo “oceano” de onde provêm as preciosas pérolas.
Dificilmente alguém pensa em si mesmo, no próprio coração, onde Deus investiu
grandes dons. Quem diria, hein? O tesouro escondido em nós?
Eis a
reflexão de Máximo, o Confessor [580-662 d.C.]:
“Entre
os irmãos, alguns pensam não ter nenhuma participação nos carismas do Espírito
Santo. Por causa de sua negligência em praticar os mandamentos, eles não sabem
que aquele que guarda inalterada a fé em Cristo reúne em si mesmo todos os
carismas divinos. Posto que, por inércia, estamos longe do amor ativo que
devíamos trazer em nós, esse amor que nos mostra os tesouros de Deus escondidos
em nós, é natural que pensemos não ter parte nos carismas divinos.
Se
Cristo mora em nossos corações pela fé, segundo o Apóstolo (cf. Ef 3,17), e se
todos os tesouros da sabedoria e da ciência estão escondidos nele (Cl 2,3),
logo, todos os tesouros da sabedoria e da ciência estão ocultos em nossos corações.
Mas eles se revelam na medida da purificação de cada um, aquela purificação que
é suscitada pelos andamentos.
Assim
é o tesouro escondido no campo de teu coração e que ainda não encontraste por
causa de tua preguiça. Se o tivesses encontrado, terias vendido tudo e
adquirido esse campo. Agora, porém, deixaste o campo e procuras em volta dele,
ali onde não se encontra outra coisa a não ser espinheiros e capim bravo.
É
por isso que o Senhor diz: ‘Bem-aventurados os corações puros, pois eles verão
a Deus’. (Mt 5,8) Eles O verão, e verão os tesouros que estão em si mesmos
quando, pelo amor e pela temperança, forem purificados. E tanto mais verão,
quanto mais forem purificados.
É
por isso que ele diz ainda: ‘Vendei o que tendes, dai-o como esmola e eis que
tudo será puro para vós’. (Lc 11,41) Esses deixam de se ocupar com as coisas do
corpo, mas se aplicam a purificar do ódio e da desordem da inteligência aquilo
que o Senhor chama de coração. Pois são estas coisas que, manchando a
inteligência, não permitem ver o Cristo que nela habita pela graça do santo
Batismo.
Purifica
tua inteligência da cólera, do ressentimento e dos pensamentos infames e,
então, poderás conhecer em ti a presença de Cristo.”
O
Espírito de Deus habita em nós. Sua presença é a garantia dos preciosos dons
investidos em nós para dar continuidade à missão do próprio Salvador. Até
quando ficaremos alheios a esse tesouro?
Orai sem cessar: “Não me prives, Senhor, do teu Santo Espírito!” (Sl 51,13)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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