E terá em
abundância... (Mt 25,14-30)
Mais uma
vez, a Liturgia nos apresenta a “parábola dos talentos”. Três servos que
recebem, respectivamente, 250, 100 e 50 quilos de prata, que deveriam ser
investidos com lucro. Os dois primeiros se arriscam e lucram 100%. O terceiro
servo, movido pelo temor, prefere enterrar o seu talento e, por isso mesmo,
será castigado.
Não sei bem se a intenção de Jesus,
ao contar esta parábola, se resumia a uma visão utilitarista (e mesmo
capitalista!), segundo a qual temos de “render conforme o investimento” de Deus
em nossas vidas. No fundo, acho pouco provável...
Em
primeiro lugar, nada temos de nosso. Tudo é dom. Somos eternos mendigos. Em segundo lugar, que talentos são
esses? Inteligência? Virtudes morais? Saúde? Força muscular? Recursos
materiais? Ora, tudo isso são ninharias diante do verdadeiro investimento de
Deus em nossa vida: Ele-mesmo!
Sim!
Deus se entregou em nossas mãos. Veio morar no meio de nós. Vestiu-se de nossa
carne. E continua presente na Eucaristia. Isto, sim, é investimento.
Alimentados de seu Corpo e Sangue, inauguramos, já aqui na terra, a vida que
experimentaremos na eternidade.
Pode
ser que isto cale mais fundo com a meditação de meu soneto “DEPENDÊNCIA”:
Nada tenho de meu. Eu não me iludo
Ao ver frutificar o meu trabalho.
Sei que sou limitado e que sou
falho:
É Deus quem age em mim, eu pouco
ajudo.
Nada tenho
de meu, mas tenho tudo,
Pois nas
mãos do Senhor eu me agasalho.
Se me
esforço demais, eu atrapalho
Por ocultar
da Graça o conteúdo...
Nada tenho de meu, mas tudo tenho:
Meu Pai foi quem me deu saber e
engenho,
Transfigurando em luz o meu
caminho.
Nada tenho
de meu, mas vivo cheio,
Pois o
Filho de Deus comigo veio
E, assim,
jamais eu estarei sozinho...
Orai sem cessar: “O Senhor é minha herança e minha parte...” (Sl 16,5)
Texto e poema de Antônio Carlos
Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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