domingo, 1 de setembro de 2013

PALAVRA DE VIDA

 O último lugar... (Lc 14,1.7-14)

Mais uma vez, o cenário é o banquete. Nada mais natural, o homem foi criado para participar de um festim! No Gênesis, os Três participam do banquete de Abraão; no Apocalipse, somos convidados para a Ceia do Cordeiro. De um extremo a outro, a Sagrada Escritura nos vê como convivas do festim!
E como Jesus gostava de sentar-se à mesa! Não foi à toa que o rotularam de comilão e beberrão (cf. Mt 11,19). Até sua despedida foi celebrada em volta da mesa: “Desejei ardentemente comer esta ceia pascal, antes de padecer!” (Lc 22,15)
No Evangelho de hoje, Jesus nos aconselha a preferir o último lugar. Cabe, pois, a pergunta: por que os convidados eram tão ansiosos por ocupar os primeiros lugares? É fácil de explicar.
A “mesa” dos banquetes daquela época era um conjunto de divãs dispostos em forma de “U”, com as pessoas deitadas, apoiadas no cotovelo esquerdo. Os servos ou escravos serviam os convivas pelo interior desse “U”, em cuja volta ficava o dono da festa, ladeado pelos convidados de honra. Como o “serviço” começava por estes, era comum que as bandejas chegassem vazias às extremidades da mesa. Claro, ninguém desejava o último lugar. Questão de sobrevivência...
               Algum apressado arriscava-se a passar vergonha, se aparecesse um figurão e o dono da casa decidisse alojá-lo no lugar que o outro ocupava, sendo “rebaixado” para a ponta da mesa. Coisas da sociedade...
               No entanto, quando Jesus nos aconselha a ocupar o último lugar, deve estar fazendo ironia conosco. Sabem por quê? Não é possível obedecer ao seu conselho: o último lugar já tem dono. Ele mesmo, Jesus de Nazaré, apesar de ser homem e Deus, já ocupou em definitivo o último lugar. Toda a sua vida o demonstra...
               Seu berço? Um cocho no curral. Sua maternidade? Uma gruta. Sua casa? As estradas da Palestina. Seu travesseiro? Não tinha! (Cf. Mt 8,20) E para concluir, morre na cruz, sofrendo uma pena que só se aplicava aos escravos e aos grandes criminosos, proibida a um cidadão do Império Romano.
               Sim, nós sabemos que seus discípulos andaram discutindo, estrada a fora, sobre qual deles seria o maior no Reino dos Céus. Parece que não somos muito diferentes... Há sempre um “fiel” à procura de um tapete vermelho, de mais um microfone, de mais divulgação de seu ministério, de mais aplausos para seu trabalho pastoral. E o penúltimo lugar fica vazio...
Orai sem cessar: “Senhor, meu olhar não se ergue arrogante!” (Sl 131,1)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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