Presta contas! (Lc 16,1-13)
Esta
parábola do administrador desonesto costuma escandalizar muita gente. De fato,
uma leitura superficial parece dar a entender que o Mestre faz elogios a um
safado. Claro que não! A falta de ética do corrupto – para usar termos bem
atuais – era (e é) execrável. Mentira e falsidade jamais receberiam elogios do
Mestre da Verdade!
O
que Jesus quer ensinar é bem outra coisa: se os fiéis dedicassem por sua
salvação (e pela salvação dos outros!) o mesmo empenho e inteligência que os
homens do mundo dedicam a seus negócios escusos e duvidosos, pouca gente se
perderia.
Mas
não é sobre isto que eu quero refletir hoje. Claro que devemos prestar contas
de nossa vida ao seu término. Mas não devemos cair na ilusão de que seremos
capazes de acumular tantos méritos, a ponto de podermos apresentar a Deus uma
fatura e dele cobrar nosso direito ao céu. A salvação é sempre graça, grátis,
dom. Antes, será com trajes de mendigo que nos apresentaremos ao Senhor.
É
disso que falo – um tema tipicamente teresiano - em meu soneto “Balanço”:
Quando chegar ao fim a minha vida,
Toda cheia de curvas e de dobras,
Ah! não contes, Senhor, as minhas obras
A ver se a recompensa é merecida!
Minha justiça é logo corrompida...
Minhas boas ações, apenas sobras...
Eu fui um fariseu: minhas manobras
São ruínas em pó, massa falida...
Quando chegar ao fim destes meus dias,
Sei que terei as minhas mãos vazias
E a túnica bem rota de um mendigo!
E, por saber que tudo logo passa,
Eu me abandono inteiro à tua graça,
Pois só o Amor eu levarei comigo...
Orai sem cessar: “Deus tenha piedade de nós e nos abençoe!” (Sl
67,1)
Texto e poema de Antônio Carlos
Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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