quinta-feira, 26 de setembro de 2013

PALAVRA DE VIDA

 Alegre-se Israel! (Sl 149)
               O pagão é triste. Nem podia ser diferente. Se tudo acaba com a morte, não temos saída. Os epicuristas tentaram “curtir” o presente: carpe diem! “Comamos e bebamos, que amanhã morreremos.” (1Cor 15,32) No polo oposto, os estoicos adotaram a fuga dos prazeres. Pois os dois extremos se encontraram: Epicuro e Zenão suicidaram-se.

               Nossa alegria, nós não a fabricamos: é fruto da Graça de Deus! É comovente o esforço humano para fabricar a alegria: luzes, cores, danças, ruído, os hits do momento, festivais, palcos e arenas. Tudo em vão. Ao fim do Carnaval, a mesma “marcha da quarta-feira de cinzas”: é hoje só; amanhã não tem mais...
               O salmo da liturgia de hoje, o penúltimo do Hallel, é um convite à alegria. Não a alegria da alacridade, tão conhecida das maritacas e dos roqueiros. Mas a alegria do júbilo, do jubileu, do yôbel, a trombeta que anuncia o Ano de Graça do Senhor. Nesse ano jubilar, as terras voltam a seus antigos donos que as haviam perdido, os escravos são libertados e a justiça é recomposta.
               Para o fiel, a fonte de sua alegria é o próprio Deus: “Estou cheio de alegria no Senhor! Minha alma exulta em meu Deus, pois ele me revestiu com as vestes da salvação!” (Is 61,10) Na Primeira Aliança, alegra-se Ana, mãe de Samuel, curada de sua esterilidade: “Meu coração exulta no Senhor, é em Deus que eu ergo minha cabeça!” (1Sm 2,1) Na Nova Aliança, Maria, Mãe de Deus, tem ainda mais razão para a alegria: “Minha alma exalta o Senhor, meu espírito exulta em Deus, meu Salvador!” (Lc 1,47)
               A verdadeira alegria é profunda, vem do interior, como resposta aos sinais palpáveis do amor de Deus. Nada que lembre as palmas forçadas de tantas celebrações que deviam ser liturgia e não passam de encontros sociais. A alegria genuína é transformadora: leva à partilha e à renúncia pessoal, pois quem a experimenta não precisa de outras motivações.
               Israel devia alegrar-se na perspectiva do futuro Messias, quando lobo e cordeiro viveriam em paz. O novo Israel, a Igreja, rejubila-se com a morte e ressurreição de Cristo, que rompeu nossos grilhões e abriu-nos a casa do Pai. É nele que são eliminadas as diferenças entre grego e judeu, escravo e livre, pobres e ricos. Irmanados em Cristo, a tristeza não tem mais espaço entre nós.
               Santo Agostinho comenta o Salmo 149: “Este é o cântico da paz, o cântico da caridade. Todo o que se aparta da união dos santos, não canta o cântico novo. Pois seguiu a velha animosidade, e não a caridade que é nova”.
Orai sem cessar: “O justo se alegrará no Senhor!” (Sl 64,11)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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