Caindo casa sobre casa... (Lc 11,15-26)
Esta ruína geral é consequência da
divisão. Quando os adversários acusam Jesus de usar o poder do demônio para
expulsar os demônios, o Mestre argumenta que essa interpretação é absurda, pois
uma casa dividida não permanece de pé. Até os demônios precisam trabalhar
juntos!
Temos aqui um princípio muito apropriado para
avaliar a derrocada geral das famílias neste início de milênio. Por que tantos
esposos se separam, renegam os juramentos de amor (pronunciados na presença de
Deus e da Igreja!) e acabam por rasgar também o coração dos filhos? Porque se
deixaram dividir...
No tempo do namoro e do noivado,
estavam unidos. Tinham objetivos comuns. Os mesmos interesses. Tudo faziam
juntos. Algum tempo depois do casamento, iniciaram trajetórias divergentes. O
tempo já não era suficiente para o trabalho e a família. Para ganhar o pão e –
quem diria? – comê-lo lado a lado... A educação dos filhos (o que só se
consegue em unidade) acabou como motivo de discórdia: ele queria apertar, ela
queria afrouxar...
O grande inimigo do matrimônio é o
individualismo: meu modo de pensar, meu modo de
sentir, meu modo de agir... Meu trabalho, meu
dinheiro, meus programas... Ora, o lar é o espaço do nosso:
filhos e amigos, trabalhos e cansaços, saúde e doença – tudo é nosso!
E tudo se torna ponte de aproximação entre marido e mulher que se amam. Até as
crises e dificuldades!
Na prática, a realidade é mofina.
Fica difícil até mesmo repartir a TV! Cada um finca pé para ver o programa que
lhe agrada. A alternativa burguesa – um televisor em cada cômodo – acaba por
separar ainda mais os familiares. Os amigos dele são dele. As amigas dela são
dela. Os filhos percebem esse abismo e se sentem perdidos no deserto do lar.
A saída? Ela existe, sim. Consiste em
morrer para si mesmo. Viver para o outro. Dedicar-se ao exercício do amor
verdadeiro, que se traduz no esforço para que o outro seja feliz.
Aí, sim, bem soldadas as pedras do edifício, rejuntadas pela argamassa do amor,
a casa fica de pé.
E, de quebra, são expulsos para o
caos todos os demônios do ódio e da separação, pois os demônios detestam cada
gesto de amor...
Orai sem cessar: “Se o Senhor não guarda a cidade, em vão vigia a
sentinela!” (Sl 127,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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