E a mãe de Jesus estava lá... (Jo 2,1-11)
E se Maria de Nazaré não fosse até
Caná para o casamento de Natanael? Quem teria impelido Jesus ao seu primeiro
milagre? Quem teria proposto o ato de fé?
Eis o que escreve Mons. Claude
Rault, Bispo do Saara marroquino, em seu livro “Jésus, l’Homme de la reencontre”:
“As bodas de Caná, em sua
simplicidade, nos revelam qual é o lugar de Maria na vida do discípulo. E não é
um papel de segundo plano que Deus lhe atribuiu na história dos homens. É fácil
ver que ela tem um lugar à parte, um lugar onde ela está, simultaneamente,
cheia de iniciativa e de humildade.
Maria é aquela que “põe no mundo”.
Ela pôs Jesus no mundo uma segunda vez ao lançá-lo em sua vida pública. Por sua
palavra – “Fazei tudo o que ele vos disser!” -, Maria pôs no mundo os
discípulos, em sua tarefa de servidores da Nova Aliança. Esta palavra os
“gerou” para o serviço.
Em minha vida de discípulo, ela é
aquela que me põe em presença de Jesus. Ela me gestou para minha vocação de
servidor da alegria simbolizada pela abundância do vinho. A seguir, ela se
apaga. Acolher a Maria em minha casa é acolher a nova Mãe, a mãe dos viventes,
como imagem da Igreja. Uma Igreja na qual eu não sou apenas servidor, mas irmão.”
Esta compreensão a respeito de Maria
como imagem e espelho da Igreja – aquela que a Igreja deve contemplar para
aprender a viver centrada unicamente em Jesus Cristo – parece-me suficiente
para estender pontes em direção a outras Igrejas cristãs. Fica evidente que
nós, católicos, não usamos a Mãe de Deus como substituta do Salvador, mas a
vemos como aquela que mais nos aproxima dele.
A frase (uma só!) que ela pronuncia
em Caná orienta nossa missão de servir. Assim, Claude Rault conclui: “A Igreja
só pode ser uma reunião sem fronteiras, uma comunhão fraternal em Jesus, uma
assembleia da Aliança. Jesus sempre recusou ver sua Igreja, sua Comunidade, ao
modo de outros grupos humanos. No seio do grupo dos discípulos, ele sempre se
viu como ‘irmão servidor’. Isto se verá por ocasião de seu último gesto de lhes
lavar os pés”.
Nas Bodas de Caná – imagem do
casamento definitivo de Deus com a humanidade – todos se põem a serviço,
prontos a obedecer. E o fazem sem reservas, como os serventes que enchem as
talhas de pedra: até as bordas!
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