Restituir o quádruplo! (Lc 19,1-10)
Em pleno banquete, cercado de gente
conhecida, Zaqueu se toca com a presença de Jesus em sua casa e manifesta
publicamente a decisão de restituir os valores que arrecadara em excesso, de
modo fraudulento. Estamos diante de um caso de “reparação”.
Quando nós nos confessamos e
recebemos uma “penitência” a ser cumprida, o sentido profundo dessa prática é
exatamente a reparação do mal causado por nossos pecados. Arrependidos de
nossos vícios e crimes, pedimos (e recebemos!) o perdão de Deus, mas ainda
estamos obrigados a reparar o mal que cometemos.
Assim nos ensina o “Catecismo da
Igreja Católica” (nº 2487): “Toda falta cometida contra a justiça e a verdade
impõe o dever de reparação, mesmo que seu autor tenha sido perdoado.
Quando se torna impossível reparar um erro publicamente, deve-se faze-lo em
segredo; se aquele que sofreu o prejuízo não pode ser diretamente indenizado,
deve-se dar-lhe satisfação moralmente, em nome da caridade. Esse dever de
reparação se refere também às faltas cometidas contra a reputação de outrem.
Essa reparação, moral e às vezes material, será avaliada na proporção do dano
causado e obriga em consciência.”
O gesto de reparação é a prova cabal
de um coração contrito e arrependido. Tanto que Jesus não consegue evitar o
comentário final: “Hoje, a salvação entrou nesta casa!”
Quando os órgãos de imprensa lançam
lama sobre a reputação de gente inocente, raramente tentam reparar os erros
cometidos. A manchete de lama vem na primeira página; o “erramos” vem no
miolo do jornal, em letrinhas bem pequenas. Nós não podemos ser assim.
Conta-se que uma mulher procurou por
Santo Afonso de Ligório para se confessar. Seu pecado de estimação era a
calúnia. O Santo teria deixado a confissão interrompida, ordenando que a
penitente fosse a casa, pegasse uma galinha e voltasse até a igreja, depenando
a pobrezinha. Já de volta ao confessionário, recebeu a penitência: recolher
todas aquelas penas que viera jogando ao longo das ruas. A infeliz disse: -
“Mas isto é impossível! O vento já espalhou todas elas...” E o Santo: “Assim
também não há como recolher todas as calúnias que você tem feito contra os
outros...”
Orai sem
cessar: “Feliz o homem cujo pecado foi absolvido!” (Sl 32,1)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança
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