Não queremos que ele
reine sobre nós! (Lc
19,11-28)
Estamos
diante de um grande mistério do mundo espiritual, diretamente ligado ao
“mistério da iniquidade” (a presença do mal do mundo). Trata-se de um vasto
movimento de rebeldia que recusa a implantação do Reino de Deus entre os
homens.
A
raiz de tudo está na revolta dos anjos, capitaneados por Lúcifer, antes da
criação do mundo. Ao anúncio da futura Encarnação do Verbo, o “portador da luz”
protesta: “Non serviam!” “Não servirei a um Deus-na-carne, a um
Deus-humilhado, feito frágil, pequeno, dependente...”
Não
por acaso, a primeira tentação do Éden bateu na mesma tecla: tomar nas próprias
mãos a decisão a respeito do Bem e do Mal (Gn 3), em um louco impulso de
autodeterminação, usurpando a criatura aquilo que cabia exclusivamente ao
Criador. Nomeados gerentes da Criação (Gn 1,28), com a honrosa tarefa de
prolongar a obra do Criador, homem e mulher deixam-se iludir pela promessa
maligna de serem como deuses (Gn 3,5). Desde o início, a humanidade recusa o
Reino de Deus...
Na
parábola de hoje, o Rei se afasta por um tempo. Estamos na história, é claro.
Ao longo desse percurso, devemos trabalhar para que o Reino se instaure entre
nós, mesmo entre dores e lágrimas, sucessos e fracassos. Nosso trabalho se
realiza na esperança, pois o Rei prometeu voltar.
Mas
aqui e ali, em todos os quadrantes, erguem-se vozes de protesto: “Não queremos
que Ele reine sobre nós!” Os rebeldes se associam, tecem uma teia de rebeldia
que envolve todo o planeta. Grupos financeiros, multinacionais da indústria,
gigantes da área farmacêutica, generais da mídia – todos dão-se as mãos e
juntam seus exércitos para ocupar o espaço do Rei.
Novos
potentados vêm substituir o Senhor: o Mammon do lucro, a Vênus do prazer, o Marte
da guerra, o Zeus do poder, a Juno da vaidade, os baais da prostituição. Quem
discorda é caluniado, caçado e cassado, arrastado às arenas.
Mas
o Senhor virá. O Senhor já vem. O Senhor não tarda a chegar. O servo fiel
receberá seu prêmio. O servo infiel, indiferente à missão recebida, perderá até
aquilo que julgava possuir. E os inimigos de Deus conhecerão a morte que não
passa...
Qual
é o meu estilo de vida? Adoro algum ídolo no pedestal de meu Rei? Dedico meu
tempo à construção do Reino de Deus?
Orai sem cessar: “Dai ao
Senhor a glória de seu nome!” (Sl 29,2)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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