Quem é a minha mãe? (Mt 12,46-50)
Jesus Cristo
veio ao nosso mundo e se encarnou para fazer a vontade do Pai. “Pai, tu não
quiseste oblações nem sacrifícios, mas me formaste um corpo. [...] Então eu
disse: ‘Eis-me aqui, ó Deus, para fazer a tua vontade!’” (Hb 10,5ss.) Assim, a
encarnação começa por um ato de obediência.
Para que
Jesus, Palavra do Pai, assumisse a natureza humana, Deus quis precisar de uma
Mulher, eleita desde a eternidade para essa missão única e sublime. Quando a
Virgem Maria adere ao desígnio de Deus, ela “permite” que o Verbo-Palavra se
humanize e venha acampar no meio de nós. Desde então, Maria é para a Igreja o
modelo perfeito e acabado do fiel que acolhe a Palavra, a ponto de gerar essa
mesma Palavra para o mundo, tornando-a viva entre nós. Mais uma vez, a
obediência atualiza a graça de Deus na história dos homens.
Hoje, quando
a Liturgia celebra a memória da Apresentação de Nossa Senhora no Templo de
Jerusalém (aos 3 anos de idade, segundo o Proto-Evangelho de Tomé, livro
não-canônico), estamos diante de um “sinal”: é como se aquela criança, movida
pela Graça, já se dispusesse a cooperar com Deus em seu plano de salvação.
Deste modo,
o que poderia ser apenas uma “lenda piedosa” torna-se mensagem e indicação de
um caminho para todo cristão. Cada fiel, na medida de suas possibilidades, deve
“apresentar-se” a Deus, abandonando-se infantilmente em suas mãos, para o que
der e vier...
Em um dia
futuro, o Messias-Salvador entraria em um “templo” para se fazer carne mortal.
Essa “casa de ouro” (cf. Ladainha Lauretana: Domus Aurea) e primeiro sacrário da história seria o ventre virginal
de Maria de Nazaré. Na liturgia de hoje, a mesma Maria, ainda criança, cruza o
limiar do Templo do Senhor e se põe à disposição do Altíssimo para cumprir sua
missão.
Se o Templo
de Jerusalém era, para Israel, o lugar onde o povo podia estar na presença de
Deus, ali mesmo Maria se põe na presença daquele que, graças à cooperação dela,
estaria por 33 anos em nossa presença.
Atravessar a
soleira do Templo significa entrar no espaço do “sagrado”. Também nós,
divididos entre o profano e o sagrado, o mercado e o sacrário, somos convidados
por Deus a uma vida de consagração.
Se aceitamos
o convite, obedecemos a Deus e nos tornamos seus sócios na obra de salvação da
humanidade.
Orai sem cessar: “Toda
formosa, entra a Filha do Rei!” (Sl 45,14)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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