Alegrai-vos comigo! (Lc 15,1-10)
O pastor que recupera a ovelha
tresmalhada (e ele possuía cem!) não pode deixar de se alegrar. Mas a alegria
transborda e se muda em um convite aos amigos: “Alegrai-vos comigo!” A mulher
pobrezinha que recupera a moedinha enferrujada (afinal, só tinha dez!), também
é inundada pelo júbilo. Daí o convite às vizinhas: “Alegrai-vos comigo!”
Ambas as imagens se referem à
realidade humana: nós estávamos perdidos, extraviados, quando veio Jesus Cristo
e deu sua vida por nós. Foi a forma escolhida por Deus para nos trazer de volta
à casa do Pai. Se o próprio Jesus se apresenta sob a imagem de um Bom Pastor
(cf. Jo 10,11.14), como não se alegraria ao nos recuperar para o Pai?
Nós também somos pastores. Não apenas
os bispos e padres, que zelam pelo rebanho da Igreja. Também a nós o Senhor
confiou muitas ovelhas. Os pais são pastores de seus filhos. Os médicos são
pastores de seus pacientes. Os educadores pastoreiam seus alunos.
Naturalmente, o cirurgião vibra de
alegria quando salva o acidentado por meio de uma intervenção cirúrgica. O
mestre se alegra quando vê que seu ex-aluno agora ocupa um cargo importante na
empresa. Os pais exultam de alegria quando conseguem reorientar o filho que
andara por caminhos obscuros.
Esta alegria precisa ser repartida.
Não só como desabafo, mas como testemunho de uma esperança que se mantém acesa.
A boa notícia da “salvação” servirá de ânimo para muitos que ainda estão em
combate. O estudante se motivará ao ver a formatura do colega. O enfermo
recobrará o ânimo ao ver a cura de seu vizinho de leito. Mas é preciso
comemorar!
Nossa sociedade ocidental está
perdendo a capacidade de comemorar. Para fazê-lo, preciso beber, drogar-se. Não
consegue mais perceber os lampejos de luz que cintilam no dia-a-dia.
Burocratizados, não percebemos mais o inestimável valor dos trabalhos caseiros,
da dedicação profissional. Trabalha-se pelo salário, mais nada...
Há uma terceira parábola, logo a
seguir: a história do Pai que tinha dois filhos (só dois!). Seu amor não era percebido
pelos filhos. Um fugiu para longe, curtindo a vida. Outro servia na
fazenda como um burro de carga. Quando o fujão voltou, houve festa. E o pai
insistia com o filho mais velho: “Alegrai-vos!”
Orai sem cessar: “Que o Senhor faça a minha
alegria!” (Sl 104,34)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário