Presta contas! (Lc 16,1-8)
Esta parábola do administrador
desonesto costuma escandalizar muita gente. De fato, uma leitura superficial do
Evangelho parece dar a entender que o Mestre faz elogios um safado. Claro que
não! A falta de ética do corrupto – para usar termos bem atuais – era (e é)
execrável. Mentira e falsidade jamais receberiam elogios do Mestre da Verdade!
O que Jesus quer ensinar é bem outra
coisa: se os fiéis dedicassem por sua salvação (e pela salvação dos outros!) o
mesmo empenho e inteligência que os homens do mundo dedicam a seus negócios
escusos e duvidosos, pouca gente se perderia.
Mas não é bem sobre isto que eu quero
refletir hoje. Claro que devemos prestar contas de nossa vida ao seu término,
diante do divino Juiz. Mas não devemos cair na ilusão de que seremos capazes de
acumular tantos méritos, a ponto de podermos apresentar a Deus uma fatura e dele
cobrar nosso direito ao céu. A salvação é sempre graça, grátis, dom. Antes,
será com trajes de mendigo que nos apresentaremos ao Senhor.
É exatamente disso que falo – um tema
tipicamente teresiano - em meu soneto “Balanço”:
Quando chegar
ao fim a minha vida,
Toda cheia de
curvas e de dobras,
Ah! não
contes, Senhor, as minhas obras
A ver se a
recompensa é merecida!
Minha justiça é logo corrompida...
Minhas boas ações, apenas sobras...
Eu fui um fariseu: minhas manobras
São ruínas em pó, massa falida...
Quando chegar
ao fim destes meus dias,
Sei que terei
as minhas mãos vazias
E a túnica
bem rota de um mendigo!
E, por saber que tudo logo passa,
Eu me abandono inteiro à tua graça,
Pois só o Amor eu levarei comigo...
Orai sem cessar: “Deus tenha piedade de nós e nos
abençoe!” (Sl 67,1)
Texto e poema de Antônio Carlos Santini, da Com. Católica
Nova Aliança.
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