Todos comiam e bebiam... (Mt 24,37-44)
Fique
bem claro: o clima era de festa... Prato cheio, vinhos finos, riso farto, gente
descontraída. O suficiente para esquecer qualquer preocupação. Como nas noites
de nossas sextas-feiras, quando vale qualquer recurso para esquecer as pressões
do trabalho, exigências da família e – óbvio – as necessidades do próximo. É o
que chamamos de “diversão”. Ou, se quiserem, “distração”.
Ao final da festa, todos hão de cair
no sono, di-vertidos e dis-traídos. Entretanto, a noite já está avançada e o
Senhor se aproxima. Ouvirão eles o grito agudo na escuridão? “O Senhor vem!” Ora,
dificilmente poderão ouvir a voz profética de João Batista, que clama por
con-versão. É outro o prefixo. É outra a realidade...
Todos os textos da liturgia de hoje –
já no tempo do Advento - estão orientados para a Vinda do Senhor. Fora da
festa, muita gente vive na expectativa de sua chegada. Atentos, em alerta
permanente, de olhos bem abertos, nem ousam piscar. Postados sobre a muralha,
eles vigiam a noite, atiçam a aurora, tentando apressar a Presença.
Este 1º Domingo do Advento é um premente
convite a sairmos do sono e acordar para a chegada do Desejado de todas as
nações. Lâmpadas acesas, os rins bem cingidos, ouviremos o toque da trombeta e
sairemos festivos ao encontro do Rei.
Outra coisa não é a vida cristã,
senão esse estado de vigília permanente que nos vacina contra toda dis-tração.
Nada nos des-centra do foco: Ele vem! Ele está às portas! Preparai-vos!
Como escreveu o teólogo Hans Urs von
Balthasar, “Deus faz irrupção na história a partir do alto, por assim dizer,
verticalmente: Ele vem para todos na hora em que não esperam; é justamente por
isso que devemos esperá-lo sem cessar”.
Já a turma daquela festa não espera
por nada. Por ninguém. Por isso é que eles têm necessidade de “matar o tempo” e
acabam adormecendo nos vapores do vinho. A noite deles custa a passar. A noite
é sempre longa quando não se espera por nada...
Nós, ao contrário, esperamos
ansiosamente pelo Senhor. A noite é curta para nós. A aurora já se anuncia. O
Senhor já vem!
Orai sem cessar: “O Espírito e a Esposa
dizem: ‘Vem!’” (Ap
22,17)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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