domingo, 1 de dezembro de 2013

PALAVRA DE VIDA

Todos comiam e bebiam... (Mt 24,37-44)

            Fique bem claro: o clima era de festa... Prato cheio, vinhos finos, riso farto, gente descontraída. O suficiente para esquecer qualquer preocupação. Como nas noites de nossas sextas-feiras, quando vale qualquer recurso para esquecer as pressões do trabalho, exigências da família e – óbvio – as necessidades do próximo. É o que chamamos de “diversão”. Ou, se quiserem, “distração”.

            Ao final da festa, todos hão de cair no sono, di-vertidos e dis-traídos. Entretanto, a noite já está avançada e o Senhor se aproxima. Ouvirão eles o grito agudo na escuridão? “O Senhor vem!” Ora, dificilmente poderão ouvir a voz profética de João Batista, que clama por con-versão. É outro o prefixo. É outra a realidade...
            Todos os textos da liturgia de hoje – já no tempo do Advento - estão orientados para a Vinda do Senhor. Fora da festa, muita gente vive na expectativa de sua chegada. Atentos, em alerta permanente, de olhos bem abertos, nem ousam piscar. Postados sobre a muralha, eles vigiam a noite, atiçam a aurora, tentando apressar a Presença.
            Este 1º Domingo do Advento é um premente convite a sairmos do sono e acordar para a chegada do Desejado de todas as nações. Lâmpadas acesas, os rins bem cingidos, ouviremos o toque da trombeta e sairemos festivos ao encontro do Rei.
            Outra coisa não é a vida cristã, senão esse estado de vigília permanente que nos vacina contra toda dis-tração. Nada nos des-centra do foco: Ele vem! Ele está às portas! Preparai-vos!
            Como escreveu o teólogo Hans Urs von Balthasar, “Deus faz irrupção na história a partir do alto, por assim dizer, verticalmente: Ele vem para todos na hora em que não esperam; é justamente por isso que devemos esperá-lo sem cessar”.
            Já a turma daquela festa não espera por nada. Por ninguém. Por isso é que eles têm necessidade de “matar o tempo” e acabam adormecendo nos vapores do vinho. A noite deles custa a passar. A noite é sempre longa quando não se espera por nada...
            Nós, ao contrário, esperamos ansiosamente pelo Senhor. A noite é curta para nós. A aurora já se anuncia. O Senhor já vem!
Orai sem cessar: “O Espírito e a Esposa dizem: ‘Vem!’” (Ap 22,17)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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