Encontrareis descanso... (Mt 11,28-30)
O pecado cansa. Esgota
o coração. Corrói a alma. Assim, é em primeiro lugar ao pecador que se dirige o
convite de Jesus, ao qual está anexa esta promessa: “Vinde a mim! Eu vos
aliviarei... Encontrareis descanso...”
Pense no filho
pródigo: deixou a casa paterna e partiu para uma região distante. Lá, “curtiu”
a vida, perdeu tudo, até os amigos dos tempos de fartura, e sonha agora com a
lavagem dos porcos. Isto cansa.
Não admira que comece a avaliar a
conveniência de voltar para casa, ainda que seja como reles empregado. Claro
que a vergonha o respeito humano hão de retardar o seu regresso, mas acabará
voltando. Ele precisa descansar...
A missão também cansa.
Até Jesus aparece cansado de suas andanças, quando o Evangelho de João o
surpreende sentado junto ao poço de Jacó (cf. Jo 4,6). Como podemos ler nas
cartas do apóstolo Paulo, a vida missionária inclui viagens estafantes,
oposições surdas, indiferenças, contestações ásperas, colheitas ralas. Isto
cansa.
Não admira que muitos missionários
tenham desistido de seu ministério, enquanto outros precisaram refugiar-se no
silêncio para recuperar o dinamismo perdido. E depois de mergulhar no coração
de Cristo, retomaram a missão, muitas vezes chegando à palma do martírio.
Muita gente anda cansada de fazer
força e obter resultados pouco animadores. Acontece com os pais que educam
filhos rebeldes, imaturos, preguiçosos. Acontece com os educadores que sofrem
as consequências de políticas educacionais desastrosas. Acontece com os
profissionais da saúde que labutam em hospitais onde falta até o esparadrapo.
Isto cansa.
Não admira que haja médicos
fabricando pão e psicólogos vendendo pipocas. Não admira que tantos professores
tenham perdido o entusiasmo com sua profissão. Não admira que tantos casais já
não queiram filhos. Estão cansados de lutar.
Ora, é para todos vocês que Jesus
está dizendo: “Vinde a mim!” Esse cansaço encontrará descanso nos braços do
Senhor. É ali, na intimidade de Cristo, que o fiel há de recuperar o impulso
missionário e os pais descobrirão uma nova capacidade de amar.
Afinal, não era assim que rezava
Santo Agostinho? “Senhor, tu nos fizeste para ti, e em vão procura o nosso
coração, até que repouse em ti!”
Orai sem cessar: “Descansa junto ao
Senhor, espera nele.” (Sl 37,7)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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