Quantos pães tendes? (Mt 15,29-37)
A multidão tem fome. Jesus provoca
os discípulos: “Quantos pães tendes?” Não é uma questão de logística. O
problema não é econômico. É espiritual: estou disposto a repartir o pouco que
me sobra?
O levantamento dos recursos
materiais não é nada animador: sete pães e alguns peixinhos. Convenhamos: uma miséria!
Mas é de nossas misérias que Deus edifica o seu Reino. Notável mestre de obras,
sabe construir com matéria-prima aparentemente desprezível: nosso lixo, nossos
pecados, nossas doenças...
A multidão tem fome. Fome da Palavra
de Jesus. Por isso aquela legião veio de longe, por estradas e areais, faminta
de esperança. Além dos corações, também o estômago reclama. E Deus não salva
apenas nossas almas. Salva também nossos corpos.
Hoje, Jesus olha em volta (olha para
nós!) como quem espera que esvaziemos nossas mochilas para alimentar o mundo.
Ou vamos acumular?
Ofereço-lhe meu soneto “O CAMINHEIRO”:
Se baixo o
olhar dos celestiais espaços
E fito a
Humanidade em seus caminhos,
Eu vejo pés
feridos nos espinhos
Gravando as
marcas rubras de seus passos...
Passadas
trôpegas, os membros lassos
Batidos
pelos ventos mais mesquinhos,
Trigo inerme
ante a roda dos moinhos,
Vejo o povo
partido em mil pedaços...
Pobre gente!
Imagina que vai só
No seu
caminho, feito lama e pó,
Romaria de
dores e pecado...
E não percebe
– oh! universal loucura! -
Que, no
sendeiro grave de amargura,
Jesus Cristo
caminha ao nosso lado...
Orai sem cessar: “Saciarei de pão os
seus pobres.” (Sl
132,15)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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