quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

PALAVRA DE VIDA

 Quantos pães tendes? (Mt 15,29-37)

            A multidão tem fome. Jesus provoca os discípulos: “Quantos pães tendes?” Não é uma questão de logística. O problema não é econômico. É espiritual: estou disposto a repartir o pouco que me sobra?

            O levantamento dos recursos materiais não é nada animador: sete pães e alguns peixinhos. Convenhamos: uma miséria! Mas é de nossas misérias que Deus edifica o seu Reino. Notável mestre de obras, sabe construir com matéria-prima aparentemente desprezível: nosso lixo, nossos pecados, nossas doenças...
            A multidão tem fome. Fome da Palavra de Jesus. Por isso aquela legião veio de longe, por estradas e areais, faminta de esperança. Além dos corações, também o estômago reclama. E Deus não salva apenas nossas almas. Salva também nossos corpos.
            Hoje, Jesus olha em volta (olha para nós!) como quem espera que esvaziemos nossas mochilas para alimentar o mundo. Ou vamos acumular?
            Ofereço-lhe meu soneto “O CAMINHEIRO”:

Se baixo o olhar dos celestiais espaços
E fito a Humanidade em seus caminhos,
Eu vejo pés feridos nos espinhos
Gravando as marcas rubras de seus passos...

Passadas trôpegas, os membros lassos
Batidos pelos ventos mais mesquinhos,
Trigo inerme ante a roda dos moinhos,
Vejo o povo partido em mil pedaços...

Pobre gente! Imagina que vai só
No seu caminho, feito lama e pó,
Romaria de dores e pecado...

E não percebe – oh! universal loucura! -
Que, no sendeiro grave de amargura,
Jesus Cristo caminha ao nosso lado...

Orai sem cessar: “Saciarei de pão os seus pobres.” (Sl 132,15)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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