Mas ela não desabou... (Mt 7,21.24-27)
Parábola pequena, mas muito clara e
expressiva. Em forma de antítese, o Mestre nos fala de dois tipos de construção
expostos às mesmas intempéries da existência humana. De certo modo, faz eco ao
Salmo 1, que serve de pórtico para o Saltério, e resume o caminho do homem a
uma encruzilhada entre dois caminhos: a via do bem, com a vida, e a senda do
mal, com a morte.
Nesta parábola, um homem constrói
sobre a areia, outro edifica sobre a rocha. Areia e rocha são imagens claras. A
areia é lábil, fugidia, sem coesão. Suas partículas deslizam, não oferecem
resistência à pressão. Já a rocha tem seus componentes bem sólidos, porque
foram vitrificados por altas temperaturas e poderosas pressões.
Diante da força dos elementos – como
o vento e a chuva -, a areia movediça cede e se desfaz. Mas os vendavais e as
enxurradas nada podem contra o sólido rochedo. Passado o ataque, ele permanece
estável, decididamente firme.
Quem é o construtor sobre a areia? O
Mestre responde: É o homem que empilhou os tijolos sobre o areal, isto é,
aquele que ouviu a Palavra de Deus, mas não se dispôs a vivê-la. Ao contrário,
apostou a vida em outras “palavras”: o discurso da riqueza, a propaganda do
sucesso, o elogio da glória e do prazer.
Quando veio
a provação dos tempos difíceis, dos planos econômicos, do desemprego e da
enfermidade, desabou de uma vez, entregue à ruína...
Quem é o construtor sobre a rocha?
Jesus de Nazaré deixa claro: É o homem que ergueu sua casa sobre o Rochedo, ou seja,
aquele que ouviu a Palavra de Deus e se dispôs a praticá-la. Diante dos tempos
difíceis da provação, a casa permaneceu intacta, pois tinha fundamentos de
eternidade. Os princípios da Palavra – que é o próprio Cristo – falavam de
paciência e sobriedade, confiança em Deus e fraternidade, humildade e perdão.
Contra uma estrutura tão sólida, nada pode o mal...
Quem já optou decididamente por uma
vida simples, sem luxo, não se abalará se vierem tempos de vacas magras. Quem
exercitou diuturnamente a pureza e a castidade, não cairá diante da inundação
do sexo. Quem depositou sua esperança no Senhor, não será esmagado pelo
desespero quando os homens traírem suas promessas. Mesmo na doença e na dor, o
fiel está seguro na Palavra eterna. Ele sabe que está em boas mãos!
Orai sem
cessar: “O Senhor
é o meu rochedo, minha fortaleza.” (Sl 18,3)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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