domingo, 2 de março de 2014

PALAVRA DE VIDA

Vosso Pai celeste as alimenta... (Mt 6,24-34)
               Em pleno Sermão da Montanha – a bela página que Gandhi admirava! -, Jesus se refere à situação das aves do céu: não semeiam nem ceifam, e nem por isso passam fome. Quem as alimenta? “VOSSO Pai do céu!” Nosso Pai! Assim, deveria ser natural nos filhos uma atitude de plena confiança no Pai provedor. Afinal, “valemos mais que muitos pardais”... (Mt 10,31)
               Ouço um contra-argumento: “É... mas Jesus ensinou a pedir o pão de cada dia...” Tudo bem, ensinou mesmo. Vamos, porém, ouvir o ensinamento de Santo Isaac, o Sírio [Séc. VII]:
               “Não peças a Deus nada daquilo que Ele cuida de nos dar sem que o tenhamos de solicitar. E ele o dá não somente a nós, seus fiéis que Ele ama, mas também àqueles que são estranhos ao seu conhecimento.
               Já não é o pão que o filho pede a seu pai, mas dele espera o que há de maior e mais elevado em sua casa. Foi por causa da fraqueza humana que o Senhor nos prescreveu pedir o pão cotidiano. Considera, porém, o que Ele ordenou àqueles que têm o conhecimento perfeito e a alma sã: ‘Não vos inquieteis com o alimento e as vestes’. Ora, se Ele vela sobre os animais que não possuem razão e sobre os pássaros, e sobre todos os outros seres que não têm alma, quanto mais Ele velará sobre nós? ‘Buscai primeiro Reino de Deus e sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo.’”
               Meditando este Evangelho, escrevi o soneto “Aos filhos”:
Fitai as aves na amplidão celeste,
A garça branca que nos ares vai...
Nem uma pena da plumagem cai
Sem permissão de Deus, que assim as veste...
               Vede os lírios do campo; quem reveste
               Seu ouro de lavor? Considerai
               Que, lá no céu, tendes um Deus que é Pai
               E faz chover amor no solo agreste...
Por que trazeis vossas feições tão graves?
Não valeis, porventura, mais que as aves?
Mais que os lírios do campo não valeis?
               Desventura é viver sentindo o travo,
               O gosto amargo de um viver escravo,
               Sem saber que sois filhos... que sois reis...
Orai sem cessar: “Senhor, a tua mão direita me sustenta!” (Sl 63,9)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.


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