Vosso Pai celeste as alimenta...
(Mt 6,24-34)
Em pleno Sermão da Montanha – a
bela página que Gandhi admirava! -, Jesus se refere à situação das aves do céu:
não semeiam nem ceifam, e nem por isso passam fome. Quem as alimenta? “VOSSO
Pai do céu!” Nosso Pai! Assim, deveria ser natural nos filhos uma atitude de
plena confiança no Pai provedor. Afinal, “valemos mais que muitos pardais”...
(Mt 10,31)
Ouço um contra-argumento: “É...
mas Jesus ensinou a pedir o pão de cada dia...” Tudo bem, ensinou mesmo. Vamos,
porém, ouvir o ensinamento de Santo Isaac, o Sírio [Séc. VII]:
“Não peças a Deus nada daquilo
que Ele cuida de nos dar sem que o tenhamos de solicitar. E ele o dá não
somente a nós, seus fiéis que Ele ama, mas também àqueles que são estranhos ao
seu conhecimento.
Já não é o pão que o filho pede a
seu pai, mas dele espera o que há de maior e mais elevado em sua casa. Foi por
causa da fraqueza humana que o Senhor nos prescreveu pedir o pão cotidiano.
Considera, porém, o que Ele ordenou àqueles que têm o conhecimento perfeito e a
alma sã: ‘Não vos inquieteis com o alimento e as vestes’. Ora, se Ele vela
sobre os animais que não possuem razão e sobre os pássaros, e sobre todos os
outros seres que não têm alma, quanto mais Ele velará sobre nós? ‘Buscai
primeiro Reino de Deus e sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas em
acréscimo.’”
Meditando este Evangelho, escrevi
o soneto “Aos filhos”:
Fitai as aves na amplidão celeste,
A garça branca que nos ares vai...
Nem uma pena da plumagem cai
Sem permissão de Deus, que assim as veste...
Vede
os lírios do campo; quem reveste
Seu
ouro de lavor? Considerai
Que,
lá no céu, tendes um Deus que é Pai
E
faz chover amor no solo agreste...
Por que trazeis vossas feições tão graves?
Não valeis, porventura, mais que as aves?
Mais que os lírios do campo não valeis?
Desventura
é viver sentindo o travo,
O
gosto amargo de um viver escravo,
Sem
saber que sois filhos... que sois reis...
Orai sem cessar: “Senhor, a tua mão direita me sustenta!” (Sl 63,9)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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