Nada
pior que a ingratidão! O ditado popular condena o gesto do ingrato: “cuspiu no
prato em que comeu”. Se fazemos vista grossa e ouvidos de mercador diante dos
dons com que nos cumula o Senhor, cometemos esse pecado. Neste Evangelho, Jesus
se emociona. Logo depois de interpretar para os discípulos a parábola do
semeador, cujo sentido lhes permanecia obscuro, o Mestre se dá conta de que
eles estão ouvindo e vendo aquilo que os justos da Primeira Aliança –
patriarcas e profetas – teriam suspirado por ver e ouvir...
São
privilegiados – como nós – estes seguidores do novo tempo inaugurado pela
encarnação do Verbo de Deus, a nova e eterna Aliança com os homens. Por isso a
dupla exclamação: Felizes! Bem-aventurados! E não sabemos se aqueles homens
simples, um tanto rústicos, chegaram a perceber os privilégios e favores de que
eram objeto...
Nós
também somos privilegiados. Vivemos um tempo em que os dons do Espírito Santo
são derramados de modo intensivo e extensivo, mais que em qualquer outra época
da história. O mínimo que podemos fazer é dar graças a Deus, como em meu soneto
“Ação de Graças”:
Senhor, em tudo vejo a
tua Graça
Derramada sem conta e
sem limite:
Nem esperas que eu erga
o olhar e grite,
Pois logo o teu divino
Amor me abraça!
Tua bondade sempre me
ultrapassa,
Teus dons sempre
superam meu palpite...
E mesmo que eu me
furte, e o Amor evite,
A tua Luz me invade e
me devassa!
Dou-te graças, meu Pai,
e reconheço
Que todos estes dons eu
não mereço
E hei de acabar a vida
devedor...
Mas de tua Graça nunca
fazes conta
Nem tua Mão meus
débitos aponta,
Pois é cego às faturas
teu Amor!
Sou
grato a Deus pelos favores imerecidos que recebo de seu amor de Pai? Ou ainda
estou incluído na lista dos queixosos, que se sentem mal servidos por um Deus
indiferente?
Orai sem cessar: “Bendirei ao Senhor em todo o tempo!” (Sl 34,2)
Texto e poema de Antônio Carlos
Santini, da Com. Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário