Claro, serve bem de alerta geral.
Como ensina São Gregório Magno, “todas estas coisas se dizem para que ninguém
possa desculpar-se baseado em sua ignorância, que unicamente teria lugar se se
tivesse falado com ambigüidade sobre o suplício eterno” (In Evangelia homiliae, 11).
Como lembra Joachim Jeremias, o
último dia ainda não chegou. “Ainda não ocorreu o último prazo para a conversão
(cf. Lc 13, 6-9). Até lá, é preciso renunciar a todo falso zelo, deixar
pacientemente os campos amadurecerem, lançar largamente a rede e deixar o resto
para Deus – até que venha a sua hora.”
Muita gente – mesmo dentro da
Igreja! – se comporta como se uma espécie de determinismo tivesse cristalizado
o pecador em seu pecado, seja ele um assassino, um estuprador ou um deputado
corrupto. O Evangelho só faz sentido na expectativa da conversão do homem.
Se a rede da parábola recolhe peixes
bons e peixes imprestáveis, isto não significa que o bom é automaticamente bom,
nem que o mau é definitivamente mau. Aliás, o exemplo do ladrão (rotulado
preconceituosamente de “bom ladrão”, como se todos os outros não prestassem...)
demonstra que o homem mau pode ser justificado pelo amor de Deus.
Comentando o Juízo Final – que nós
insistimos em ver como um ato final da fria vingança divina -, F.-X. Durrwell se
coloca no polo oposto: “O julgamento é uma obra de amor. É amando que Deus
julga. Jesus vai ao encontro do agonizante e o julga, em sua própria morte, em
favor desse mesmo moribundo. Ele é o advogado (cf. 1Jo 2,1) daquele que julga,
seu intercessor junto de Deus. No último encontro com esse homem, Cristo exerce
sua justiça purificando-o com seu sangue, caso o homem consinta”.
Von Balthasar também nos anima, ao
dizer que “por trás dessa separação, a oportunidade única, encontra-se a séria
advertência para não a negligenciar. Trata-se de ganhar ou perder todo o
sentido da existência humana”.
Desde já, vamos escolher que tipo de
peixe queremos ser para Deus...
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