E vós? (Mt 16,13-23)
Um Evangelho com duas perguntas
feitas por Jesus: “Quem dizem eles que eu sou? E vós, que dizeis?”
Para a multidão tomada de espanto, o
Rabi da Galileia devia ser alguém poderoso, talvez saído do mundo dos mortos:
Elias... Jeremias... João Batista... Mas para os discípulos que acompanhavam
Jesus e viam seus milagres, sorvendo avidamente um ensinamento ímpar, porejante
de Vida eterna, só podia ser alguém vivo. Daí o brado de Pedro: “Tu és o
Cristo, o Filho do Deus vivo!”
Eis o que escreve Suzanne de
Diétrich: “Reconhecer em Jesus não apenas um profeta, mas o ‘Filho de Deus’ só
é permitido à fé. E esta fé só pode ser dom de Deus. São Paulo declara:
‘Ninguém pode dizer Jesus é o Senhor
se o Espírito Santo não o inspirar’. (1Cor 12,3.) Toda a Igreja apostólica
reconhece que a divindade de Jesus é um mistério de fé, inacessível à simples
sabedoria humana. No momento em que Simão confessa sua fé, é o próprio Deus que
fala por sua boca; uma grande graça é concedida a ele, e Jesus o proclama
‘feliz””.
Basta este dom para justificar que o
Mestre passe às mãos de Pedro as “chaves do Reino” e lhe dê o novo nome: kepha, a rocha sobre a qual a Igreja de
Jesus será edificada. “Nós cremos - prossegue Suzanne de Diétrich – que se
trata claramente da pessoa de Pedro, e não somente de sua fé. E é como
confessor da fé que Pedro é chamado a desempenhar esse papel.”
Hoje, quando o mundo vai perdendo a
fé e apostando todas as fichas em moedas podres, não podemos abrir mão de nossa
tarefa eclesial: abrir as portas da fé ao mundo sem esperança. Em sua recente
Carta apostólica “Porta Fidei” [Porta
da Fé], com que nos propõe um Ano da Fé, Bento XVI escreve:
“O professar com a boca indica que a
fé implica um testemunho e um compromisso públicos. O cristão não pode jamais
pensar que o crer seja um fato privado. A fé é decidir estar com o Senhor, para
viver com Ele. E este ‘estar com Ele’ introduz na compreensão das razões pelas
quais se acredita. A fé, precisamente porque é um ato da liberdade, exige
também assumir a responsabilidade social daquilo que se acredita. No dia de
Pentecostes, a Igreja manifesta, com toda a clareza, esta dimensão pública do
crer e do anunciar sem temor a própria fé a toda a gente. É o dom do Espírito
Santo que prepara para a missão e fortalece o nosso testemunho, tornando-o
franco e corajoso.” (PF, 10.
Orai sem
cessar: “Eu cri,
por isso falei!” (Sl 116, 10)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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