quinta-feira, 7 de agosto de 2014

PALAVRA DE VIDA

E vós? (Mt 16,13-23)
           Um Evangelho com duas perguntas feitas por Jesus: “Quem dizem eles que eu sou? E vós, que dizeis?”

            Para a multidão tomada de espanto, o Rabi da Galileia devia ser alguém poderoso, talvez saído do mundo dos mortos: Elias... Jeremias... João Batista... Mas para os discípulos que acompanhavam Jesus e viam seus milagres, sorvendo avidamente um ensinamento ímpar, porejante de Vida eterna, só podia ser alguém vivo. Daí o brado de Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!”
            Eis o que escreve Suzanne de Diétrich: “Reconhecer em Jesus não apenas um profeta, mas o ‘Filho de Deus’ só é permitido à fé. E esta fé só pode ser dom de Deus. São Paulo declara: ‘Ninguém pode dizer Jesus é o Senhor se o Espírito Santo não o inspirar’. (1Cor 12,3.) Toda a Igreja apostólica reconhece que a divindade de Jesus é um mistério de fé, inacessível à simples sabedoria humana. No momento em que Simão confessa sua fé, é o próprio Deus que fala por sua boca; uma grande graça é concedida a ele, e Jesus o proclama ‘feliz””.
            Basta este dom para justificar que o Mestre passe às mãos de Pedro as “chaves do Reino” e lhe dê o novo nome: kepha, a rocha sobre a qual a Igreja de Jesus será edificada. “Nós cremos - prossegue Suzanne de Diétrich – que se trata claramente da pessoa de Pedro, e não somente de sua fé. E é como confessor da fé que Pedro é chamado a desempenhar esse papel.”
            Hoje, quando o mundo vai perdendo a fé e apostando todas as fichas em moedas podres, não podemos abrir mão de nossa tarefa eclesial: abrir as portas da fé ao mundo sem esperança. Em sua recente Carta apostólica “Porta Fidei” [Porta da Fé], com que nos propõe um Ano da Fé, Bento XVI escreve:
            “O professar com a boca indica que a fé implica um testemunho e um compromisso públicos. O cristão não pode jamais pensar que o crer seja um fato privado. A fé é decidir estar com o Senhor, para viver com Ele. E este ‘estar com Ele’ introduz na compreensão das razões pelas quais se acredita. A fé, precisamente porque é um ato da liberdade, exige também assumir a responsabilidade social daquilo que se acredita. No dia de Pentecostes, a Igreja manifesta, com toda a clareza, esta dimensão pública do crer e do anunciar sem temor a própria fé a toda a gente. É o dom do Espírito Santo que prepara para a missão e fortalece o nosso testemunho, tornando-o franco e corajoso.” (PF, 10.

Orai sem cessar: “Eu cri, por isso falei!” (Sl 116, 10)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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