Ainda
que tenha sido criado como um ser livre, nem tudo é permitido ao homem. O
Criador nos deu a liberdade para o bem e ela só alcança sua perfeição quando
ordenada para Deus.
Ensina o
Catecismo da Igreja Católica: “Deus criou o homem dotado de razão e lhe
conferiu a dignidade de uma pessoa agraciada com a iniciativa e domínio de seus
atos. ‘Deus abandonou o homem nas mãos de sua própria decisão’ (Eclo 15,14)
para que pudesse ele mesmo procurar seu Criador e, aderindo livremente a ele,
chegar à plena e feliz perfeição.” (nº 1730)
Ora, Herodes,
tetrarca da Galileia, vivia como marido da esposa de seu próprio irmão Filipe.
Além do escândalo causado por um comportamento público que ofendia a santidade
da vida conjugal, batia de frente contra a lei divina, expressa no Levítico:
“Não descobrirás a nudez da mulher de teu irmão.” (Lv 18,16.)
João Batista,
o precursor do Messias, teve a ousadia profética de somar ao anúncio do Reino
de Deus a denúncia dos crimes do poderoso. Isto lhe valeu a prisão e a morte,
crescendo ainda mais na veneração do povo de seu tempo. Afinal, não é qualquer
um que tem a coragem de apontar o dedo no nariz dos governantes para cobrar
seus desvios e sua corrupção.
Hoje, a
Igreja mantém viva a missão profética de João Batista e, por isso mesmo, é tão
incômoda quanto ele foi no seu tempo. Quando o mundo neopagão, ansioso pelo
retorno às cavernas, investe em uma cultura de morte, a Igreja luta pela vida.
Quando a sociedade materialista defende a eutanásia e o aborto, a Igreja de
Jesus Cristo não pode calar-se, repetindo a antiga voz do Sinai: “Não matarás!”
Quando o século hedonista defende o divórcio e o “casamento” entre pessoas do
mesmo sexo, a Igreja não teme ser rotulada de conservadora e retrógrada, mas
insiste naquela “lei natural” que o próprio Cristo reafirmou. Diante de Deus, o
“legal” jamais poderá substituir o “legítimo”.
Por isso
mesmo, toda que vez que um tirano sobe ao poder – como Hitler na Alemanha
nazista e Stálin na Rússia comunista -, seu inimigo preferencial é a Igreja,
pois ela não se intimida nem silencia diante dos crimes do Poder. Ao contrário,
como João Batista, ela aponta e grita: “Não te é lícito!”
De que lado
estamos nós?
Orai sem cessar: “Por amor a Sião, eu não me
calarei!” (Is 62,1)
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