Se teu irmão pecar... (Mt 18,15-20)
Somos todos pecadores, sujeitos ao
erro e a desvios de todo tipo. Como reagirá a Igreja? Ficará indiferente?
Convocará um tribunal? Pagará pecado com pecado? Ouçamos o ensinamento de Hans
Urs von Balthasar, um dos teólogos mais destacados do Séc. XX.
“Os textos desta celebração
dominical são absolutamente decisivos para a figura da Igreja, tal como Deus a
quis. No centro, encontra-se a exortação mútua no amor. A isto todo cristão é
convidado e obrigado, pois somos membros de um só corpo e não é indiferente
para o organismo inteiro que um membro prejudique a si mesmo e, por aí, a vida
do conjunto.
A exortação e, se necessário, a
indicação do bom caminho só podem acontecer – naturalmente, conforme o
Evangelho – como uma retomada da revelação de Deus por Ele-mesmo e da ordem
eclesial fundada por Cristo. Ao mesmo tempo, aquele que exorta deve ter a
humildade, fazendo abstração de si mesmo, de orientar para a graça objetiva de
Deus e a exigência que ela comporta.
Na segunda leitura de hoje (Rm
13,8-10), Paulo transfere inteiramente esta exigência para o amor cristão, que
integra em si todos os mandamentos particulares e, assim, cumpre a Lei, a ordem
de Deus.
Pode ser que aquele que peca
replique com sua concepção de amor e será preciso, então, mostrar-lhe que esta
é estreita demais, unilateral demais para ser o cumprimento pensado por Deus a
respeito de todos os mandamentos.”
Von Balthasar observa que existe em
todo o Novo Testamento uma linha de fronteira indicada por Deus, além da qual o
pecador que se mantém à distância já não pode mais considerar-se como
pertencente à Igreja de Deus. Assim, não é a Igreja que o exclui de sua
comunhão, mas ele mesmo faz sua excomunhão.
“A Igreja – assevera Von Balthasar –
deve levar este fato ao conhecimento dos outros e querer sancionar o pecador
para que os outros o compreendam. E se já era assim na Primeira Aliança,
igualmente deve ser – e em uma medida mais elevada – na Nova Aliança, onde a
pertença à comunidade eclesial de Cristo é ainda mais pessoal, mais
responsável, mais colorida.”
Não esquecer as palavras finais
deste Evangelho: a oração da comunidade é onipotente: pode salvar os irmãos que
pecam...
Orai sem
cessar: “Por amor
a meus irmãos, direi: ‘Paz para ti!’” (Sl 122,8)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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