Como
crianças... (Mt
18,1-5.10)
Quando
a liturgia católica celebra a memória dos santos Anjos da Guarda, pode parecer aos
adultos sérios e sabidos que se trata de uma infantilidade. E é mesmo...
Naturalmente,
os críticos estão pensando naquelas estampas de nossa infância, com o menino e
a menina atravessando a ponte em ruínas, sobre águas turbulentas, enquanto o
atento anjo abre suas amplas asas a proteger o desavisado casalzinho.
Era
esse pequeno quadro, na cabeceira da cama, que garantia às crianças uma noite
serena, a salvo dos terrores noturnos que tantas vezes assaltam os pequeninos.
Desde pequenos, já tinham aprendido que Deus vela por nossas noites e nossas
angústias.
Sim,
são os pequeninos: deles é o Reino dos céus, garante Jesus no Evangelho. E
“pequenino” é aquele que olha para Deus como um Pai, e ao Pai se dirige com
plena confiança. Pequeninos ainda acreditam que Deus nos protege e envia seus
anjos para nos guiar e guardar. Pequeninos recusam aquele complexo de orfandade
que anuncia orgulhosamente que estamos sozinhos e abandonados neste planeta
sombrio.
Ao
contrário, pulsa nos adultos crescidos uma espécie de falsa nobreza em se
sentirem sozinhos, entregues a si mesmos, trágicos heróis perante um destino
cruel. Se Deus existe – pensam esses amargos senhores -, ele fica indiferente
ao itinerário da humanidade cercada de guerras e revoluções, desastres e
cataclismos. Para serem plenamente homens, precisam excluir o seu Criador.
Ora,
um saboroso sinal da proteção divina é exatamente o “anjo custódio” [do latim “custodire” = guardar]. Sobre ele, o “Catecismo”
nos ensina: “Desde o início até a morte, a vida humana é cercada por sua
proteção e por sua intercessão. Cada fiel é ladeado por um anjo como protetor e
pastor para conduzi-lo à vida. Ainda aqui na terra, a vida cristã participa na
fé da sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens, unidos em Deus”.
(C.I.C., 336)
Ah!
Se esses adultos lessem os manuscritos da pequena Teresa de Lisieux, logo
aprenderiam como é gostoso viver como filho, no colo do pai, abandonado e
seguro! E como não precisariam mais suar escada acima, pois os braços do pai
nos elevam sem cansaço...
Orai sem cessar: “Ele ordenará a seus anjos para te
guardarem...” (Sl 91,11)
Texto de Antônio
Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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