Quem olha
para trás... (Lc 9,57-62)
Nós
somos humanos. No entusiasmo do primeiro amor, assumimos o compromisso de
evangelizar. Aquela pulsação emocionada que vibra em nós, queremos que também
outros a experimentem em sua vida.
Mas
continuamos sempre humanos. Logo surgem as barreiras, certas dificuldades,
incompreensões. Somos tentados a desanimar e abandonar tudo. A imagem empregada
por Jesus define bem a situação: pôr a mão no arado e... olhar para trás...
Quando
lemos a vida dos santos, descobrimos com surpresa que todos eles passaram por
essa encruzilhada. E não era para menos. Santa Teresinha de Lisieux reconhece
sua fraqueza, mas se apoia em Jesus: “Sou apenas uma criança, impotente e
fraca, mas é minha própria fraqueza que me dá audácia para me oferecer como
Vítima ao teu Amor, ó Jesus!” (Man. B, 255.) São José de Calasanz é
caluniado gravemente por dois de seus sacerdotes. Roma manda fechar a sua Obra.
O Santo obedece e morre. Só após sua morte as Escolas Pias seriam reabertas e
se espalhariam pelo mundo.
Certamente, todos eles foram
perseverantes e não abandonaram o seu arado. Mas sabemos quantos sofrimentos
íntimos precisaram enfrentar! É assim que acontece, por exemplo, quando os
casais enfrentam as dificuldades do casamento e são tentados a romper seu
juramento. Acontece, ainda, com os estudantes que se sentem incapazes de
atender às exigências dos professores. Ocorre igualmente com os educadores e os
profissionais da saúde que trabalham sem as mínimas condições materiais.
Ocorre, enfim, com os doentes crônicos ou já em fase terminal, normalmente
rondados pelos assustadores fantasmas do desespero.
A
todos eles, Jesus está dizendo: “Não olhe para trás! Você não está sozinho!
Abrace firme a sua cruz e sinta a minha presença do seu lado... Estaremos
juntos até o fim...”
O
Papa João Paulo II foi até o fim. Quando sugeriram que deixasse a Cátedra de
Pedro, devido aos graves problemas de saúde, ele disse: “O papa não pede
demissão.” E o apóstolo Paulo escreveu: “Consciente de não ter ainda
conquistado a meta, só procuro isto: prescindindo do passado e atirando-me ao
que resta para a frente, persigo o alvo, rumo ao prêmio celeste, ao qual Deus
nos chama, em Jesus Cristo.” (Fl 3,13-14.)
Orai sem cessar: “O Senhor não há de abandonar a sua
herança.” (Sl 94,14)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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